Constatado que o desmatamento da Amazônia, entre agosto do ano passado e 31 de julho último, aumentou quase 30% em relação aos 12 meses anteriores, primeiro o presidente Jair Bolsonaro recusou-se a comentar. Mandou que os interessados no assunto procurassem o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente.
Depois, diante da insistência dos que lhe cobravam uma explicação, respondeu: “Você não vai acabar com o desmatamento, nem com as queimadas. É cultural”. Mentiu ou tergiversou. O desmatamento provocado pelas queimadas para renovar o solo nada tem a ver com o desmatamento em larga escala.
O primeiro serve à subsistência dos moradores da região e não provoca danos maiores à floresta. O segundo à ambição por lucros dos criminosos – garimpeiros, madeireiros, contrabandistas, grileiros de terras e pecuaristas atrás de espaço para seu gado. Por mais ignorante que seja Bolsonaro sabe disso. Mas não liga.
Preservar o meio ambiente, para ele, é conversa fiada dos interessados em impedir o desenvolvimento do país. Não sobrevoou a Amazônia para ver o desastre anunciado por órgãos do governo que ele fez questão de enfraquecer. Como não pôs os pés em praias nordestinas atingidas pelo derrame de petróleo.
Imagina que cessou lá fora a preocupação com a destruição da Amazônia. Ou que pelo menos o pior já passou. Engana-se. Mas só se convencerá disso quando a gritaria internacional recomeçar. Estão por vir os números sobre o avanço do desmatamento entre agosto e outubro. Serão ainda maiores.