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Por Coluna
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Os Sóis de Primo Levi

Psicanálise da Vida Cotidiana

Por Carlos de Almeida Vieira
Atualizado em 30 jul 2020, 19h19 - Publicado em 13 nov 2019, 12h00

Primo Levi (1919-1987) nasceu em Turim, Itália. Químico, enviado ao campo de concentração de Auschwitz. Escritor, poeta, contista, romancista e ensaísta. Em seu livro “Mil Sóis Primo Levi, poemas escolhidos”, seleção, tradução e apresentação de Maurício Santana Dias, publicado pela Ed. Todavia em 2009. Entres seus belos, tristes, melancólicos, líricos e revoltantes poemas, escolhi “Shemá” (1926), pois captei não somente a realidade daquela época como também a atual. O poeta escreve: ”Vós que viveis seguros/ Em vossas casas aquecidas/ Vós que achais voltando à noite/ Comida quente e rostos amigos, Considerai se isto é um homem,/ Que trabalha na lama/ Que não conhece paz/ Que luta por um naco de pão/ Que morre por um sim ou por um não./ Considerai se isto é uma mulher,/ Sem cabelos   e sem nome/Sem mais força de recordar/ Vazios os olhos e frio o ventre/ Como uma rã no inverno”.

O que faz um poeta ser clássico e eterno é que ele transpassa gerações e gerações sempre apreendendo o atual no antigo, como se a temporalidade fosse uma das suas qualidades intuitivas na história do Ser humano. Nesse poema está cravada a desigualdade de antes e do atual, onde a perversidade do Capitalismo patológico e a falência dos ideais da uma Tecnocracia que mais aprisiona o ser aos “senhores do poder. Desigualdade que mostra a crueza das “casas aquecidas” versus a os que não conhecem a paz, não adquirem o pão de cada dia e os ventes frios que choram o aborto na porta dos hospitais, isso quando a mãe não sucumbe também. Primo Levi poetou em 1926, parece que os sistemas de governos, a polaridade de contendas partidárias arrogantes e metidas a onisciências, matam mais gente do que as guerras. Quantos morreram e morrem quando os recursos públicos não chegam à origem, pois estancam nos “bolsos corruptos” e assim matam por falta de alimentos, educação, habitação e condições de sobrevivência onde “vazios os olhos e frio o ventre/ Como uma rã no inverno”, cantou Primo Levi. Desenvolvimento tecnológico, de teorias econômicas, pseudos projetos de políticas públicas foram desviados para aumentar os lucros empresariais e deixar nosso País nas piores condições de educação e sobrevivência.

Em 25 de fevereiro de 1944, Primo Levi cantou: “Queria acreditar em algo além,/ Além da morte que a desfez./ Queria poder dizer a força/ Com que outrora desejamos,/ Nós, já submersos, / Poder mais uma vez juntos/ Caminhar livremente sob o sol”. Deixo com você, caro leitor, com a sensibilidade e intuição de um poeta que, romântico, lírico, realista e revolucionário, que soube não morrer em Auschwitz para deixar à posteridade “mil sóis” de esperança.


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