Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

O voto do novo corona (por Gaudêncio Torquato)

Eleições

Por Gaudêncio Torquato
Atualizado em 30 jul 2020, 18h50 - Publicado em 5 jul 2020, 10h00

Definidas as datas das eleições – 15 e 29 de novembro –, a maior interrogação se espraia: afinal, para onde irá o voto influenciado pelo novo “coronel”, desculpem, o novo corona da política? As circunstâncias sinalizam a direção dos ventos pandêmicos, a partir da hipótese de que o danado do vírus já estaria dominado pela medicina. Por isso, qualquer pressuposto deve considerar o que este analista batiza de Produto Nacional Bruto da Felicidade. Abaixo de 5, desgraceira geral e alto índice de renovação. Acima de 5, uma mescla de gente nova, prefeitos reeleitos e até velhos nomes de volta.

Uma das projeções é que as mulheres ganharam evidência durante a crise, mais falantes e valentes na crítica aos precários serviços públicos. A par disso, evoca-se sua condição nas atividades do cotidiano, na educação dos filhos, na azáfama para organizar em meio as intempéries da família. Daí merecerem o voto de fortes parcelas eleitorais.

Um fenômeno que se expande no país, seguindo movimentos que se multiplicam no mundo, é o da organicidade social, tendência já consolidada na Europa, nos EUA e nos países orientais – vejam Hong-Kong – , e que se desenvolve aqui de maneira consistente. A Constituição de 1988 abriu um imenso leque de direitos individuais e sociais que, nos últimos anos, se tornaram movimentos organizados, capazes de mobilizar multidões.

A sua força se avoluma na esteira do descrédito da classe política. Parlamentares e governantes deixam de cumprir tarefas, só reaparecem nos ciclos eleitorais e operam no balcão da velha política. Esses ganharão passaporte para casa. Ora, a descrença generalizada abriu imenso vácuo entre eles e a sociedade. As entidades organizadas ocuparam este espaço e fundaram novos polos de poder. A intermediação social entrou forte nas frentes de pressão. O Congresso virou passarela para o desfile de associações, sindicatos, federações, núcleos, grupos, movimentos de todos os tipos. O voto terá essa forte alavanca.

Outro vetor de peso é o das frentes parlamentares. Fazem parte do circuito anterior aqui descrito, mas merecem um destaque. Agrupam as bancadas religiosa, do agronegócio, dos servidores públicos, dos militares, do setor de serviços, dos profissionais liberais etc. Elas tendem a se consolidar na esteira de uma tendência planetária, muito característica dos EUA, onde o voto vai geralmente para o representante dos interesses locais e das regiões, como as bancadas ruralistas, dos servidores públicos etc. Pode-se deduzir que o voto distrital deve se fortalecer, com as classes sociais subdividas. Os deputados querem aumentar suas bases.

Continua após a publicidade

Dessa forma podemos divisar uma composição ditada pelo modo como as categorias enxergam a política. Profissionais liberais tendem pelo voto mais racional, que deixa o coração para subir à cabeça. Ele se concentra nas grandes e médias cidades, mais abertas aos meios de comunicação e às críticas aos governantes. No contraponto, enxergamos traços do passado em rincões do País, habitat de raposas políticas de administrações falidas.

Em suma, o novo coronel (desculpem, o novo corona) estará na fila das seções eleitorais.

 

Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.