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Por Coluna
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O trunfo é paus

O furacão abateu sem piedade figuras carimbadas da velha política.

Por Gaudêncio Torquato
Atualizado em 30 jul 2020, 20h15 - Publicado em 14 out 2018, 14h00

Esta eleição constitui um marco contra a velha política. O voto em Bolsonaro teve mais uma função purgativa contra a mesmice do que propriamente reconhecimento às suas qualidades. O recado do antivoto foi claro: “políticos obsoletos, deixem seu campo. Ou nós os expulsaremos”. Uma leva de figuras tradicionais foi despedida do Congresso.

O voto em Haddad significou o engajamento do eleitorado do Nordeste ao lulismo, na esteira do Bolsa Família, acesso ao consumo e as águas do São Francisco, atributos do “pai Lula”. Voto do coração, contraponto ao ultraconservadorismo do capitão e sua ligação aos tempos da ditadura.

O eleitor decidiu renovar nos governos e no Congresso. Outsiders, como o empresário Romeu Zema, em Minas, e o juiz Witzel, no Rio, agora favoritos, surpreenderam. O furacão abateu sem piedade figuras carimbadas da velha política.

O PSDB virou caco, o maior perdedor. A social-democracia tucana vai parar no tabuleiro tentando se reconstruir para sobreviver, renovar lideranças. O MDB caiu no despenhadeiro, elegendo apenas 34 deputados (eram 66) e ficando como quarta bancada. Já o nanico PSL, de Bolsonaro, elegeu 52 parlamentares na Câmara, atrás do PT, que perdeu deputados, mas manteve a primeira bancada.

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A devassa atingiu até institutos de pesquisa, que não perceberam a expulsão de figuras históricas. Essa desculpa de dizer que pesquisa flagra apenas o momento é esfarrapada. Elas captam também tendências.

O segundo turno deverá ser contundente e cheio de ódio, uma disputa entre PT e anti-PT. A dúvida: o Nordeste, com seus 26% de votos, tenderá a melhorar a votação de Bolsonaro e, ainda, Haddad poderá aumentar seus votos no Centro, Sudeste, Sul, Centro Oeste e Norte, onde colheu derrotas? O Sudeste concentra o maior eleitorado e maiores núcleos de profissionais liberais, sindicatos, mulheres, comerciários, setores produtivos etc. Teria o PT condições de abocanhar parcela de grupamentos mais esclarecidos diante da possibilidade de se reabrir o ciclo do medo com Bolsonaro? O antipetismo no Sudeste é muito forte. A onda do capitão reformado avançou por estas bandas, com envolvimento de bancadas corporativas.

Se Haddad vencer, terá de se ancorar em outras políticas que não as da era PT. O mundo e o país mudaram. Se Bolsonaro ganhar, só terá condições de governabilidade se reabrir o processo de reformas: previdenciária, tributária e política, pelo menos. O eleitor quer respirar novos ares e padrões. Melhores serviços públicos, menos bandidagem nas ruas. Não haverá eficácia se reformas vierem amparadas no populismo.

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Quem vencer terá de construir eficiente articulação com o Congresso. A real politik porá as cartas na mesa. Como ser duro e flexível para atender o confessionário político? A economia será liberal ou haverá forte intervenção do Estado? Perspectivas sombrias à direta ou à esquerda.

O fecho é trágico, mas necessário. Hobbes dizia: “quando nada mais se apresenta, o trunfo é paus”.

Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político 

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