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O rabo entre as pernas

Olavo de Carvalho não aceita ordens superiores

Por Mirian Guaraciaba
Atualizado em 30 jul 2020, 19h53 - Publicado em 19 mar 2019, 12h00

Acredite. Olavo de Carvalho quer ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos. “Faria um sacrificio pelo bem do País”, declarou, em dezembro de 2018, logo após as eleições presidenciais. Para quem já tem Damares, Vélez e Araujo, nenhuma surpresa. Apenas uma diferença: Olavo de Carvalho não aceita ordens superiores, fato que, aparentemente, não seria problema para Bolsonaro. Tal sacrificio não seria do Presidente. Nem de Olavo. Seria nosso. 

Olavo pode ser chamado de tudo, menos de subserviente. Há poucos dias, o escritor que se autoproclama filósofo, disse, nas redes sociais, que Bolsonaro vai mal e não dura mais seis meses no cargo. Deu ordem aos seus “alunos”: abandonem o governo. E chamou o Vice Mourão de idiota. No último domingo, passando pano em sua verborragia, o Presidente o homenageou, em jantar de gala na Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. 

Com brinde, com discurso, com tudo. O presidente falou de sua profunda admiração, desde jovem, e o chamou de revolucionário. Olavo de Carvalho é um fenômeno. Personagem de filme. A escolher: comédia, terror, fantasia. Desconhecido da grande maioria dos brasileiros, surgiu na campanha de Bolsonaro. Eminência parda. Indicou ministros e dá ordens em seus pupilos. Sua influência sobre o presidente e seus filhos merece um estudo antropológico, profundo. 

Uma das frases de efeito do autoproclamado filósofo pode explicar tanta reverência: “O brasileiro é aquele sujeito valente que teme olhares e caretas como se fossem balas de canhão, que enfia o rabo entre as pernas à simples ideia de que falem mal dele, que troca a honra e a liberdade por um olhar de simpatia paternal de quem o despreza.” 

Outro estranho personagem nas rodas de Bolsonaro nos states é americano. Estava entre os convidados da festa oferecida pelo embaixador do Brasil nos EUA. Pobre Sergio Amaral. Pode-se imaginar o que o atual embaixador passou naquela mesa de jantar. Apontado como idealizador da disseminação de postagens falsas na campanha presidencial, Steve Bannon dá palpite a vontade nos assuntos internos brasileiros. Mirou em Mourão, na linha de Olavo. “Ele se tornou uma voz dissonante e isso é perigoso”

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Ex-assessor de Trump, ex-banqueiro de investimentos e diretor-executivo do site político de extrema-direita Breitbart News, com especialidade em textos racistas e supremacistas, Bannon foi estrategista-chefe na Casa Branca por sete meses até ser demitido. Por Trump.

Bannon, Olavo e o menino Eduardo são muito próximos. Em extensa reportagem sobre o guru da familia, o jornalista Denis Russo Burgierman traçou um perfil minucioso do “artista da ofensa”, como o chama. É basicamente o que faz o escritor. “Este [o povo brasileiro] é o povo mais covarde, imbecil e subserviente do universo.” , diz ele nas redes sociais. Repete a fúria para seus alunos. Por R$ 60,00 mês, pode-se assistir as suas aulas online, nas noites de sábado. 

O cara que quer ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos – pela desenvoltura na noite de domingo, não é impossível – gosta de esculhambar tudo e todos que lembram nosso sotaque. “Quando se trata de Brasil, quando ouço falar em cultura, eu saco meu rolo de papel higiênico.” 

Até o Ministro da Economia, ao que parece, entrou de gaiato. Talvez com ironia – espera-se – disse durante o jantar a Olavo de Carvalho: Você é o verdadeiro líder da revolução de direita do Brasil. Paulo Guedes não é despreparado. Não deve desconhecer que Olavo acredita que o príncipe Charles é espião muçulmano e a Pepsi adoça suas bebidas com células de fetos abortados. 

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Olavo “revolucionário”? É isso mesmo? Há de se ter mais cuidado com as palavras. Tão cheias de significados. De qual revolução, afinal, eles falam? 

 

Mirian Guaraciaba é jornalista, paulista, brasiliense de coração, apaixonada pelo Rio de Janeiro  

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