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O que dizia Leonel Brizola e o que pensa Carlos Bolsonaro

“Porque o homem sem memória não é nada”.

Por Vitor Hugo Soares
Atualizado em 30 jul 2020, 19h26 - Publicado em 14 set 2019, 11h00

Pode parecer estranho, mas o fato é que recordei de Leonel Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, ao deparar-me com o pensamento político e pessoal do vereador licenciado Carlos Bolsonaro, estampado no Twitter, detonador de debates acirrados e polêmicas nos terreiros “de esquerda”, “de direita” e “de centro”, nas redes sociais e na mídia tradicional, no começo da semana: Maia, Alcolumbre, Witzel, Santa Cruz (OAB), ministros do Supremo, nomes de peso da imprensa e suas corporações se pronunciaram, com maior ou menor indignação, ou justificativas. E o assunto segue dando o que falar no palco e nos bastidores.

Fez-me lembrar do líder gaúcho e nacional, não só pelo que disse no tuite o filho do presidente, mas também por apelos jornalísticos e de sentimentos encaixotados na memória que, no dizer de Louis Buñuel, é o que salga e dá sentido à existência humana, “porque o homem sem memória não é nada”. E é setembro, o mês em que Brizola retornou de seu longo exílio político, há 40 anos, “com o coração cheio de saudades, mas limpo de ódios”, como declarou, em 1979, no aeroporto de Foz do Iguaçu, onde chegou com sua mulher e companheira leal e firme, de glórias e infortúnios, Neusa Goulart.

É, também, a semana da estréia, nas telas do país, de “Legalidade”, filme de Zeca Brito, que tenta preencher injusta lacuna cultural e política sobre lutas de resistência no Brasil, ao narrar a história do movimento, que dá título ao filme, praticamente esquecido na memória popular. Em 1961, o governador gaúcho liderou um levante nacional, a partir do seu estado, para assegurar a posse do vice-presidente João Goulart, em seguida à renúncia de Jânio Quadros. Episódio marcante da biografia de um líder político relevante e sempre desafiador.

Assim, em face de acontecimentos da semana e de fatos idos e vividos, o pensamento me conduziu ao encontro inesquecível com Brizola, nos últimos dias de seu exílio no Uruguai, depois de expulso pela ditadura que ali se implantara. O encontro do então jovem repórter do Jornal do Brasil com o já legendário homem público, ocorreu na estância onde ele vivia, no povoado de Carmen, província de Durazno, dias antes de seguir para a penúltima etapa de desterro, nos Estado Unidos da era Jimmy Carter.

Na conversa, sem gravador, Brizola abriu o peito e soltou o verbo. Falou de saudades, de sua visão à distância dos políticos e intelectuais brasileiros, dos sonhos de futuro. Arrematado frasista, repetiu um de seus pensamentos favoritos: “Eu defendo um regime que não seja apenas da raposa, queremos um regime da raposa e da galinha, onde existam espaços para os dois”. E disse ainda o que reproduzo aqui e agora, tentando ser o mais exato possível ao seu pensamento e às suas palavras:

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O correto, na democracia, disse ele, é que todos manifestem suas idéias com clareza e livremente. O pior é a hipocrisia e os pensamentos subterrâneos e subalternos. Na democracia cada um deve dizer o que pensa e o que pretende, livremente. Quem contesta precisa fazê-lo com clareza e honestidade política e intelectual. Não só com a retórica repetitiva das velhas cartilhas partidárias e ideológicas, ou dos interesses escusos e personalistas da hora e da vez, concluiu.

Precisa desenhar? Ou só resta lamentar a falta que faz a presença e o pensamento de Leonel Brizola, neste setembro no Brasil? Responda quem souber.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br

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