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O PT pró-Bolsonaro (por Mary Zaidan)

Eventual apoio petista na Câmara pode coroar a primeira vitória política do presidente

Por Mary Zaidan
13 dez 2020, 10h00

Depois de incinerar os valores éticos que dizia encarnar, azeitar parcerias com o diabo, dilacerar o Estado e dinamitar a própria esquerda que se arvorou em liderar, o Partido dos Trabalhadores ensaia mais uma crueldade. Fiel da balança na eleição para presidente da Câmara dos Deputados, o PT pode coroar a primeira vitória política do presidente Jair Bolsonaro no Parlamento.

Muita futrica, difamação, ofertas de cargos e dinheiro vão rolar até 1º de fevereiro, quando o plenário, por maioria absoluta de 257 parlamentares (em um ou dois turnos), escolherá o sucessor de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Nestes 40 dias, os apoiadores do deputado Arthur Lira (PP-AL), escancaradamente endossado por Bolsonaro, e os do grupo de Maia devem se alternar em contabilidades que costumam mostrar muitos mais votos do que se tem de fato. Especialmente em uma eleição secreta, na qual trair é uma tentação quase irresistível.

Mesmo jogando pesadíssimo, o governo soma hoje apenas uma discreta vantagem, pouco mais de 170 votos para Lira contra 160 da turma de Maia, ainda sem candidato definido.

Mas a derrota do candidato de Bolsonaro já poderia estar assegurada se as esquerdas tivessem algum juízo. Juntos, PT, PSB, PDT, PSOL e PCdoB somam 132 votos, o suficiente para dar a vitória a qualquer um dos lados.

Nenhum desses partidos poderia sequer ter cogitado o voto em Lira.

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Por unanimidade, o diretório nacional do PSB decidiu, por 80 a zero, que não apoiará qualquer candidato associado a Bolsonaro. Um jato de água fria nos 18 dos 31 deputados da legenda que chegaram a confessar preferência pelo candidato governista. O PDT e o PCdoB têm dito que devem se manter contra o bolsonarista. E o PSOL, que tanto apelo fez pró-voto útil para Guilherme Boulos em São Paulo, vai dividir em vez de somar, lançando candidato próprio.

Já no Partido dos Trabalhadores é a mudez oficial que fala.

Com 54 deputados, a maior bancada da Câmara, o PT nem de longe é taxativo no descarte do pretendente bolsonarista. Ao contrário. Gente do partido tem negociado com Lira. Nos piores termos, com moedas espúrias: não à prisão após condenação em segunda instância, fim da Lei da Ficha Limpa, sepultamento definitivo da Lava-Jato.

A pauta petista sintonizada com os interesses do Centrão deveria surpreender. Mas não. Fala a língua de Lula, de outros réus e condenados do partido. Enquadra-se ainda no cenário que o PT considera ideal para 2022, dando força política a Bolsonaro para que ele seja o principal adversário de Lula. A rigor, a polarização é vista por ambos como a melhor alternativa.

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O centro – e uma eventual vitória do grupo de Maia reforçaria esse campo – é o inimigo da vez. Do presidente Bolsonaro, que joga todo o governo, a caneta Bic e seu poder nas redes na batalha, e do PT, que prefere rivalizar com a ignorância da direita terraplanista a debater com os argumentos das correntes democráticas.

O PT chegou ao poder com a aura da decência, mas escolheu o mensalão e o petrolão. Foi do paraíso às profundezas do inferno e persevera em nada aprender. Diminuído de tamanho e importância, continua insistindo no suicídio em nome da sobrevivência de Lula.

Mesmo com os 78 votos do PSB (31), PDT (28), PSOL (10) e PCdoB (9), a oposição a Bolsonaro não alcançaria maioria para derrotá-lo. Faltariam pelo menos 20 votos. Logo, uma eventual vitória de Bolsonaro na Câmara teria a rubrica do PT, agregando à sua já combalida imagem o apoio deletério e perverso à agenda do atraso, em especial no que tange aos costumes, à anticiência, ao antiambientalismo. Em nome dos umbigos de Lula e Bolsonaro estaria consumado um pacto anti-Brasil.

 

Mary Zaidan é jornalista

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