Há uma semana, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo da presidência da República, bateu duro na administração do seu ex-amigo Jair Bolsonaro:
– Se você fizer uma análise das bobagens que se têm vivido, é um negócio impressionante. É um show de besteiras. Isso tira o foco daquilo que é importante e que acaba não aparecendo porque todo dia tem uma bobagem ou outra para distrair a população.
A pesquisa Ibope há pouco divulgada não aponta as besteiras do governo, mas os resultados delas, sim. Aumentou a má avaliação do governo e caiu a boa. Aumentou a desaprovação à maneira como Bolsonaro governa. Aumentou a falta de confiança nele.
O presidente imaginou que ganharia tempo (para quê?) tentando distrair os brasileiros com factoides e polêmicas estéreis. Quebrou a cara. Dos nove setores da administração pública pesquisados, apenas em um (segurança) o governo obteve nota positiva.
56% dos entrevistados desaprovam o desempenho na área da Saúde; 55%, na criação de empregos; 54%, na Educação; e 51% no combate à pobreza. Ou seja: em tudo o que tem a ver diretamente com a vida das pessoas, o governo Bolsonaro vai mal, obrigado.
Nada de estranho ou surpreendente. Este é um governo sem rumo, se é que algum dia terá rumo. Um governo onde o presidente e seus filhos se recusam a compartilhar o poder com os partidos como se pudessem se sustentar sozinhos.
É também até aqui um governo de uma nota só – a reforma da Previdência, que representaria uma economia de 1,2 trilhão de reais em 10 anos e que acabou reduzida a 800 bilhões. O Congresso dará ao governo o suficiente para que ele chegue ao fim.
O segundo e o terceiro escalões do governo mal foram preenchidos. Parte do primeiro foi ocupada por funcionários medíocres. À falta de um projeto para o país, Bolsonaro se oferece como o Messias que veio para quebrar o sistema, não para construir.
O que esperar disso tudo? Ora, o que as pesquisas de opinião começam a mostrar.