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O novo eixo da trapalhada (por Helena Chagas)

Centrão

Por Helena Chagas
Atualizado em 18 nov 2020, 19h55 - Publicado em 1 out 2020, 11h00

O “novo eixo político”, formado pelos líderes governistas e pelo Centrão, falhou na primeira missão. Por semanas, o que mais se ouviu em Brasília foi a narrativa de que, escanteados o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro Paulo Guedes da articulação política, teria entrado em campo um time de profissionais para resolver os problemas de Jair Bolsonaro no Legislativo: os experientes Ricardo Barros, Eduardo Gomes, Fernando Bezerra Coelho e outros comandantes do grupo como Arthur Lira. Expectativas que foram alimentadas pelos próprios integrantes no novo organograma, que se esmeraram em aparecer em reuniões, dar entrevistas, fazer lives para o mercado…

Barros, líder na Câmara, tratou de esclarecer várias vezes como o novo esquema funcionava, com Guedes limitado à “visão econômica” e a política tocada por eles. O que se viu, porém, foi uma trapalhada no anúncio do programa Renda Cidadã, com sua fórmula de financiamento-surpresa que tira recursos do pagamento de precatórios e do Fundeb. Ao mesmo tempo, aquilo que dez entre dez assessores da Economia e líderes governistas haviam passado os dias anteriores discutindo, em seguidas e midiáticas reuniões, virou um anticlímax:  a nova CPMF e a desoneração da folha para todos os setores saíram da agenda, aparentemente por decisão do presidente, que ouviu dos líderes que o novo imposto não seria aprovado pelo Congresso, ainda mais antes das eleições.

Aí é que está a questão: as dificuldades de aprovação do novo imposto, trombeteadas por Rodrigo Maia, há tempos são de conhecimento até dos ácaros que habitam os tapetes verde e azul da Câmara e do Senado. Será que os líderes do governo não sabiam disso? Difícil acreditar, mais ainda entender por que deixaram as coisas irem tão longe, a ponto de entrarem com a proposta na reunião com Bolsonaro e sair dela sem a solução – que seria usada para evitar a derrota certa na derrubada do veto presidencial a outra desoneração da folha, limitada a 17 setores.

Mais estranho ainda foi Barros e os outros, velhos de guerra na relação com o establishment, não terem previsto a enorme reação do mercado, do TCU e de parte do Congresso ao polêmico mecanismo de  financiamento do Renda Cidadã com os recursos do pagamento de precatórios em 2021 e do Fundeb. Brindado com palavras como “calote”, “pedalada” e “contabilidade criativa”, o novo programa social, em tese uma agenda positiva e aguardada, está sendo espancado até agora por causa disso – e claramente terá que ser renegociado.

Como esses articuladores, com tantos anos de praia, deixaram o fiasco acontecer, vir a público e ser exposto assim a todo o país? Acima dessas curiosidades está a percepção de uma história mal contada. Era previsível que Bolsonaro, que já dissera tantos “nãos”, até publicamente, a Guedes a respeito de suas propostas – inclusive a do Renda que foi Brasil e virou Cidadã — , não hesitaria em ter esse comportamento com o Centrão. Mas há formas e formas de lidar com isso.

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Essa turma não nasceu ontem. Cresce a cada dia, em outras alas do governo, a desconfiança de que, por trás das dificuldades que sabiam que iriam aparecer, está a desmedida ambição dos políticos do Centrão. Afinal, Bolsonaro está mais e mais dependente deles, que conhecem as facilidades que um governo na mão pode oferecer. Sonhariam agora com o imenso espaço que se abriria na eventual substituição do ministro da Economia, quando este se cansar e o país chegar à virada do ano sem rumo nas reformas e na retomada da atividade. Sobraria ministério para tudo que é lado, principalmente se Bolsonaro concordar com o  “esquartejamento” da superpasta, abrindo a temporada de indicações para Indústria e Comércio, Trabalho, Previdência, etc…

 

 

Helena Chagas é jornalista 

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