Garotos aprendem nos seus primeiros meses de bancos escolares que não se deve brigar com o garoto mais forte, mais bonito e mais popular da escola. O melhor é aliar-se a ele, fazer parte de sua turma e desfrutar de sua proteção. Ou então manter distância.
Se o enfrentamento for inevitável, há que se esperar o momento propício quando os ventos estiverem soprando em desfavor dele. Nada de precipitação. É aconselhável acumular forças atraindo outros garotos que também desgostam do garoto mais forte.
Foco, planejamento, organização, como ensina o ministro Henrique Mandetta, da Saúde. Mas a essa aula faltou o presidente Jair Bolsonaro que foi um aluno medíocre quando era apenas estudante. Destacava-se no aprendizado de educação física.
Seus anos na Câmara dos Deputados de pouco lhe serviram devido à sua limitada capacidade de aprender observando, uma vez que ler, estudar e fazer cursos nunca foi sua praia. Ali foi apresentado a esperteza barata de tentar tirar vantagem do que fosse possível.
A hora escolhida por Bolsonaro para livrar-se de Mandetta não poderia ter sido pior. Mandetta é o garoto mais forte, mais bonito e mais popular da escolinha da Esplanada dos Ministérios. Servidores o tratam como o herói que venceu mais uma batalha.
Se, lá atrás, Bolsonaro tivesse se aliado a ele, não estaria ladeira a baixo. Mas fez a aposta errada ao preferir salvar a Economia ao invés de salvar vidas, ao eleger governadores como seus inimigos, e ao encantar-se com uma poção mágica capaz de derrotar o vírus.
Se desse errado a política de confinação total, de exames, exames e exames e de socorro à Economia com a injeção de muito dinheiro, não seria culpado. Parte da culpa recairia em Mandetta e nos governadores. Bolsonaro escaparia ileso ou quase.
Agora é tarde. Se o coronavírus não provocar por aqui a mortandade que tanto se teme, o mérito será dos governadores e de Mandetta, mesmo que o ministro já não seja ele. Se provocar, o culpado tem nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro.