Com a benção do 02 (Eduardo) e do 03 (Carlos), a indiferença do 01 (Flávio) e à revelia do 04 (Renanzinho) que não foi consultado, Filipe G. Martins, discípulo do autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho e assessor especial para assuntos internacionais da presidência da República, aspira ser adotado pela família Bolsonaro. Em breve poderá posar de 05.
Sua especialidade é causar. E ontem, nas redes sociais, causou ao pregar uma “mobilização popular” para forçar o Congresso a aprovar tudo o que o governo lhe envie. Escreveu na sua conta no Twitter que seria necessário, em suma, “mostrar que o povo é quem manda no país”. Usou 11 posts seguidos para expor sua tese. Está disposto a retomar o assunto sempre que julgue oportuno.
Não disse, mas parece apostar no agravamento da crise política que põe de um lado o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e, do outro, o presidente da República, Jair Bolsonaro. Cansado do ralo empenho de Bolsonaro para aprovar a reforma da Previdência, Maia declarou que continuará a defendê-la, mas que a responsabilidade pela sua sorte é do capitão.
Martins aproveitou-se do desabafo do deputado para tomar as dores de Bolsonaro, aumentar seu cacife junto à nova família imperial brasileira e exibir seus dotes de polemista da extrema direita. “”Há uma flagrante tentativa de isolar a ala antiestablishment do governo lançando sobre ela uma série de adjetivações maliciosas”, pontificou.
“Fazem isso porque sabem que essa é a maneira mais eficaz de quebrar a mobilização popular”, afirmou Martins. “Assim tentam vender para a equipe econômica a ilusão de que é possível romper com o sistema patrimonialista de 500 anos do Brasil por meio da cooperação ativa com os oligarcas sem romper com a forma convencional de fazer política”.
Por muito menos, nesses estranhos tempos, um esquerdista que escrevesse tal coisa certamente seria chamado de subversivo, inimigo da ordem, e se tornaria alvo de todo tipo de ofensas no círculo dos bolsonaristas de raiz ou mesmo de ocasião. Martins é um bom exemplo de como os extremistas se parecem.
O pior é que Bolsonaro e seus guris lhe dão ouvidos e se entusiasmam com suas ideias. Durante a campanha do ano passado, Bolsonaro disse que era candidato a “quebrar o sistema”. Na noite do último domingo, em Washington, disse que era preciso primeiro “destruir” o que há de errado no Brasil para só depois “começar a construir”. O 05 amou!