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O direito do distinto público de conhecer melhor quem o governa

Mostre o vídeo, Celso de Mello

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 18h56 - Publicado em 11 Maio 2020, 08h00

Há muito mais a ser provado pelo vídeo da reunião ministerial de 22 de abril último do que somente a denúncia feita pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro ameaçou demiti-lo se não trocasse o superintendente da Polícia Federal no Rio.

Bolsonaro queria também a troca do superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, sabe-se lá por quê. Mas foi por meio de mensagem remetida a Moro  em grupo de WhatsApp que ele tratou do assunto. Quanto a troca no Rio, ela favoreceria sua família em apuros com a Justiça.

É verdade, por exemplo, que o Ernesto Araújo, o sagaz ministro das Relações Exteriores, disse na reunião que o Covid-19 fora criado em laboratório para que a China pudesse depois dominar o mundo? E que batizou-o de “comunavírus”, provocando uma gargalhada de Bolsonaro?

A China, mas não somente ela, tem interesse em conferir se isso de fato aconteceu. Maior parceiro comercial do Brasil, a China anda agastada com o governo Bolsonaro desde que o deputado Eduardo, um diplomata nato e às vezes incompreendido, acusou-a de ter fabricado o vírus.

Pobre Eduardo, apelidado de Bananinha pelo general Hamilton Mourão, o vice-presidente da República. Eduardo limitou-se a propagar o que afirma o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, a figura mais admirada pelo deputado e por seu pai, ambos encantados com a cultura americana.

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Outras coisas carecem de ser provadas ou não pelo vídeo que, amanhã, por ordem do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, será exibido em sessão única, em Brasília, a Moro e seus advogados, procuradores da República e agentes da Polícia Federal que investigam o episódio.

Mello, em seguida, pedirá a opinião de Moro e dos procuradores sobre a suspensão do sigilo em torno do vídeo. A tendência de Mello é divulgar a íntegra do vídeo. A Advocacia Geral da União pediu que o vídeo só fosse divulgado com cortes para preservar temas “potencialmente sensíveis”.

Um desses temas, revelaram participantes da reunião, foi outra queixa endereçada a Moro por Bolsonaro. Será mesmo verdade que o presidente não gostou nem um pouco da nota de pesar da Polícia Regional Federal sobre a morte de um dos seus funcionários, mais uma vítima do Covid-19?

Será verdade que Bolsonaro chegou ao ponto de dizer que a corporação deveria ter atribuído a morte a outras causas do tipo obesidade, pressão alta ou diabetes? Porque a ser verdade, o presidente é dado a mentir e a estimular fraudes, o que custa a crer.  Sem duvida, pegaria mal para ele.

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Pegará igualmente muito mal se o vídeo tiver registrado a opinião do ministro da Educação, o culto e sempre sensato Abraham Weintraub, sobre os ministros do Supremo. Alastrou-se a suspeita de que ele afirmou que os 11 ministros da Corte são mesmo uns “grandes filhos da puta”.

A uma ofensa de tal gravidade, Bolsonaro não teria reagido indignado? Pelo menos não teria cobrado bons modos ao ministro que não perde a oportunidade de elogiar? No limite, não o ameaçou de demissão como fez com Moro, segundo o ex-ministro da Justiça?

Se os tais temas “sensíveis” forem esses, não se justifica manter o vídeo em segredo. A China não romperá relações comerciais com o Brasil porque Bolsonaro teria gargalhado de um comentário de Araújo. Nem as togas pegarão fogo porque Weintraub foi outra vez mal educado.

Mostre o vídeo, ministro Celso de Mello. Afinal, o distinto público tem o direito de conhecer melhor seus governantes.

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