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Por Coluna
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O Brasil em quatro tempos (por Gustavo Krause)

Brasil enfrentou as quatro bestas do apocalipse

Por Gustavo Krause
Atualizado em 18 nov 2020, 19h58 - Publicado em 13 set 2020, 11h00

O tempo é uma unidade universal e inquebrantável. As convenções dão um sentido prático quando lhe atribuem calendários, estações, períodos históricos e o uso da memória para a leitura do passado, a atenção plena para o presente e a esperança para o futuro.

No Brasil, Ivan Lessa imortalizou a frase: “De quinze em quinze anos, o Brasil esquece o que aconteceu nos últimos 15 anos”.

Quatro tempos servem para relembrar fatos marcantes da nossa recente história.

Tempo um. A Constituição Brasileira de 1988. Com imperfeições, críticas procedentes quanto à extensão, particularismos e enunciados programáticos, a nossa Lei Maior é mais longeva de todas as nossas Cartas. Trouxe a boa nova da democracia política e uma sólida proteção aos direitos fundamentais da pessoa que mereceu o título de “Constituição Cidadã” no emocionante discurso proferido por Ulysses Guimarães na data de sua promulgação.

Ao longo da vigência, atravessou, sem rasuras, todo tipo de crise. Segue firme protegendo e protegida por uma sociedade livre.

Tempo dois. O Plano Real, 1994. O Brasil e a inflação pareciam viver um concubinato até que a morte os separasse. Relação perversa de instabilidade e deformação social. Eis os números do desastre (1980/1994): 5 Presidentes da República, 15 Ministros da Fazenda, 16 Presidentes de Banco Central, 6 planos de estabilização, 6 moedas, um confisco, 13 políticas salariais, 53 medidas de controle de preços, 720% de inflação média anual. Acrescente-se o impeachment, o mandato-tampão do Presidente Itamar Franco; FHC, o quarto Ministro da Fazenda; e uma eleição ganha na véspera por Lula.

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Tinha tudo para dar errado. E deu certo. Em julho de 1994, a URV pariu o Real, a moeda forte que transformou o candidato FHC no imbatível “home do prano”, como ouvi de um sertanejo pernambucano. A nova moeda sofreu para nascer e para se consolidar. Deixou, porém, de ser obra de governo para se tornar uma conquista da sociedade.

Tempo três. O Bolsa Família. Lei 10.836 de 09/01/06. A paternidade? Lula. Senão vai chegar a Stuart Mill, Milton Friedman e Cristovam Buarque. Produziu e produz bons resultados sociais, políticos e eleitorais. Legou como maior lição que o gasto com foco e eficaz é a mais importante política de renda no mundo profundamente desigual.

Tempo quatro. Operação Lava Jato. O País da cultura da carteirada; do “quem sabe com quem está falando”; de que a cadeia era para “preto”, “pobre” e “puta”, jamais poderia imaginar que um dia os membros do crime organizado, representantes do poder político e do poder econômico, seriam combatidos e encarcerados.

Pois aconteceu. Becas e paletós são disfarces. E tem muita gente com cínicos argumentos lutando para destruir a obra da maior iniciativa de combate à corrupção no Brasil.

Na Itália, capos, padrinos, famiglias assassinavam autoridades que não estavam à venda (leitura importante: Morte a Vossa Excelência, Alexandre Stille, CITADEL); no Brasil, por enquanto, a prioridade é assassinar reputações e, por inanição, as vítimas da pandemia, furtando os recursos emergenciais.

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Em quatro tempos, o Brasil enfrentou as quatro bestas do apocalipse que nos atormentavam: o autoritarismo/democracia, a doença da inflação/moeda forte, desigualdade social/política de renda mínima, corrupção e impunidade/império de lei e cadeia.

Portanto, resistir é preciso.

 

Gustavo Krause foi ministro da Fazenda

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