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O açodamento de Guedes (por Helena Chagas)

Até quando, só Deus sabe

Por Maria Helena RR de Sousa
Atualizado em 30 jul 2020, 18h49 - Publicado em 16 jul 2020, 10h00

Às vésperas da pandemia do coronavírus, poucos, no Congresso e até nos mercados, acreditavam na longevidade do ministro Paulo Guedes no governo, tal era seu desgaste, decorrente sobretudo das cobranças pela falta de crescimento da economia. Ao que parece, porém, Guedes tornou-se um caso raro de personagem fortalecido pela Covid-19, ao menos até agora. Além da dificuldade de Jair Bolsonaro, tendo perdido seu outro superministro, Sérgio Moro, trocar o titular da Economia no meio da crise, o próprio Guedes se esforçou: abriu os braços às inevitáveis medidas de compensação de perdas pela pandemia, como o auxílio emergencial, reciclou temporariamente o discurso antiestatista e acabou ficando. Até quando, só Deus sabe.

Agora, acusado de não saber o que fazer diante da crise sem precedentes que assola a economia, Guedes parece estar, ele próprio, se colocando novamente na berlinda. Anda produzindo e enunciando ideias em série, a cada dia jogando novo balão de ensaio na mídia: ora é a criação do imposto sobre pagamentos, descendente direto da velha CPMF; o fim da desoneração da folha de 17 setores, que convenceu o presidente da República a vetar; a espetacular criação de um Renda Brasil para substituir não só o auxílio emergencial como também o Bolsa Família; a construção de uma “rampa” levar os desempregados de volta ao trabalho, mas por hora e sem direitos; ou o pagamento, pelo governo, de um bônus de 20% sobre o ganho do trabalhador para ser retirado na aposentadoria. Sem falar na reforma tributária, aquela que há quase um ano vai ser mandada ao Congresso na semana que vem.

O que todo mundo se pergunta agora é quando – e se – essas propostas vão sair do papel. A experiência não anima. Se saírem, terão alguma chance de aprovação no Congresso e em que condições? Em seu açodamento, o ministro vem lançando as ideias ao ar sem nem mesmo convencer Jair Bolsonaro de seu acerto. O presidente já disse várias vezes, por exemplo, não apoiar o novo imposto sobre pagamentos, cuja criação sofre também enorme oposição no Congresso.

No melhor estilo biruta de aeroporto, o ministro, que há tempos andava se estranhando com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fez outro movimento político brusco. Trocou Maia por seu principal desafeto na Câmara, o líder do Centrão, Arthur Lira. Até ontem, mais exatamente em abril, Lira batia em Paulo Guedes, criticando-o por estar mais preocupado com bancos e mercado financeiro do que com a recuperação do país. Mas agora a relação dos dois é só amor – a ponto de Lira mudar de posição e defender a criação do novo imposto.

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Por quê? O deputado, um dos artífices da aliança do Centrão com o Planalto, está de olho no lugar hoje ocupado por Maia, que tem pelo menos meia dúzia de candidatos. Vendo que não tem chances de ter o apoio do presidente da Câmara, busca isolá-lo. Naquele raciocínio de que o inimigo do meu inimigo é meu amigo, Lira se uniu a Guedes contra Rodrigo Maia.

Mas o problema, para o ministro da Economia, é estar entrando numa canoa errada. Ainda que Lira seja um líder no Centrão, ele não tem garantido alinhamento total do grupo ao Planalto nas votações da Câmara. Nesta terça-feira, mesmo, o governo sofreu uma derrota no projeto que prevê pagamento de indenizações a profissionais vítimas da Covid. Não foi a primeira, e nem será a última. Há também outras forças políticas atuando na Casa.

Rodrigo Maia, que articulou todas as votações importantes até hoje, caminha para o fim de seu mandato, mas não deve ser subestimado. Até fevereiro de 2021, tem condições de rachar o Centrão e, junto com partidos independentes e oposição, formar maiorias. Nesse confronto, pode derrotar o imposto sobre pagamentos e muita coisa mais. A esta altura, com a recessão batendo à porta e o desemprego em níveis estratosféricos, um novo fiasco do ministro da Economia pode levar à perda da credibilidade que lhe resta – e lhe custar o cargo.

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