Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Ninguém é santo na Bolívia

Embate entre esquerda e direita

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 30 jul 2020, 19h19 - Publicado em 13 nov 2019, 11h00

O caos social e político da Bolívia que culminou na renúncia de Evo Morales diz de perto ao Brasil e a todos os países da América do Sul. Com ele a instabilidade política da região – que já era alarmante com as convulsões sociais do Chile, Equador e Peru – subiu vários graus. Até por uma questão pragmática interessa a todos, e em especial ao Brasil, cuja maior fronteira é justamente com a Bolívia, uma solução pacífica e democrática para essa nova crise. Ela é mais um fator a afugentar investimentos externos tão necessários a todos os países da região.

Idealmente, a Organização dos Estados Americanos seria o fórum adequado para a costura de uma saída pactuada e constitucional, com a realização de novas eleições supervisionadas por mecanismos internacionais.

Mas o embate entre esquerda e direita contamina os países membros, que se dividem em dois blocos. Um pró Evo Morales, capitaneado pelo México, e outro pró oposição boliviana, liderado pelo Brasil. Para complicar, existem os interesses geopolíticos conflitantes da Rússia e dos Estados Unidos, como evidenciaram as manifestações de Donald Trump e de Vladimir Putin.

O Brasil seria o protagonista natural para um desfecho positivo da crise, capaz de espantar de vez a hipótese de mais derramamento de sangue. Temos com a Bolívia, além da vasta fronteira, interações econômicas importantes e uma relação de amizade e sem conflitos desde que o Barão de Rio Branco equacionou, pela via da negociação, o contencioso do Acre.

Continua após a publicidade

Mas como tem sido uma constante no governo de Jair Bolsonaro, o Brasil abdicou do seu papel de liderança ao tomar partido de um dos lados, como  evidenciaram as declarações do presidente e do ministro do Exterior, Ernesto Araujo. A gravidade da situação exige que o Itamaraty retome o profissionalismo com o qual sempre atuou nestes casos, deixando de se guiar por motivos ideológicos.

Agir com profissionalismo implica em compreender que ninguém é santo na Bolívia. Evo Morales já tinha forçado a barra para um terceiro mandato e resolveu disputar um quarto, passando por cima da Constituição do seu país e da vontade do povo, que disse não no plebiscito convocado pelo próprio governo.

Só foi candidato pela quarta vez porque tinha aparelhado a Justiça Eleitoral e ela deu uma interpretação pra lá de criativa sobre a situação. Mais: fraudou a eleição, como revelou a auditoria da OEA.  Em nome dos avanços sociais e do bom desempenho da economia, a esquerda latino-americana fez vistas grossas às constantes violações à democracia praticada pelo caudilho boliviano.

Continua após a publicidade

Evo Morales tinha perdido a legitimidade, mas a forma como se deu a “renúncia” também foi uma ruptura democrática. A cena de chefes militares na TV, com o comandante do Exército dando um ultimato ao presidente, foi uma reprise de um filme que vimos em tantos golpes na América do Sul.

Da convulsão social emergiu uma extrema-direita, liderada pelo empresário Luiz Fernando Camacho, violenta e golpista. Casas de partidários de Evo foram incendiadas, milicianos encapuçados prenderam simpatizantes do presidente que renunciou, submetendo-os a humilhação pública.

Esse é o retrato de “Nuestra América”. Uma esquerda que faz vistas grossas quando as violações à democracia são cometidas por “governos populares” e uma extrema-direita raivosa e radical, com ojeriza a valores democráticos.

Continua após a publicidade

De Bolsonaro e Lula espera-se comedimento para que o Brasil não venha a ser o Chile ou a Bolívia amanhã.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.