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Na pandemia nem todos são iguais (Por Roberto Brant)

Brasileiros que só contam consigo mesmos

Por Roberto Brant
Atualizado em 18 nov 2020, 19h55 - Publicado em 2 out 2020, 11h00

As situações de crise expõem com crueza qualidades e defeitos dos homens que em tempos de normalidade permanecem disfarçados ou ocultos. Uma crise particularmente reveladora de nossos instintos, bons ou maus, é a que se instala quando buscamos nos proteger de uma doença contagiosa, tal como a Covid-19. O medo nos impele ao isolamento e até à fuga do contato social, que por natureza é o sal de nossa vida humana.

Nem todos, porém, gozam dessa liberdade de se retirar para esperar em segurança a volta ao normal. Na verdade, entre nós bem poucos têm esse privilégio. À imensa maioria só resta seguir a vida, como sempre, e rezar pela proteção de Deus, ou da sorte. Entre os que não podem evitar os riscos podemos distinguir dois grupos diferentes.

Um é constituído das pessoas que poderiam se refugiar no isolamento, mas se recusaram por escolha própria, por razões de caráter, de juramento ou mesmo de humanidade. São os médicos e todo o pessoal que trabalha para a saúde dos outros. Os hospitais e os postos de saúde estiveram abertos o tempo todo sem restrições. Não fosse isso a letalidade da pandemia teria sido muitas vezes maior e o país teria vivido uma catástrofe humana.

Não foi gratuito este resultado: a morte cobrou seu preço e levou consigo muitos desses homens e mulheres especiais.

A criminalidade também não cresceu nestes tempos de ruas desertas e de pessoas desesperadas, porque as equipes de segurança pública não fugiram para se proteger. A sociedade fica lhes devendo.

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O outro grupo é a multidão de brasileiros que só contam consigo mesmos. São os que perderam seus empregos e dependem da burocracia de um Estado insensível para ter acesso a alguma proteção social. São os que trabalham por conta própria e não podem parar para manter o seu sustento. São os que continuam empregados e têm de passar horas nas ruas e no transporte coletivo respirando o ar das aglomerações. Para todos eles o confinamento não é uma escolha e a sobrevivência e a saúde não passam de um presente do acaso.

A solidariedade de muitos e a luta pela sobrevivência de quase todos, no entanto, não têm sido suficientes para comover algumas almas de pedra. Veja-se o caso escandaloso das perícias médicas do INSS. Trabalhadores impossibilitados para trabalhar por causa de acidentes ou enfermidades têm direito a um auxílio que substitui, mesmo precariamente, o seu salário, desde que a perícia médica do governo ateste sua incapacidade.

Na ausência da perícia o trabalhador e sua família ficam privados do salário e do auxílio. Há cinco meses os médicos peritos do INSS recusam-se a trabalhar, para se proteger dos riscos do exercício de sua profissão, deixando um milhão e meio de trabalhadores e suas famílias abandonados e sem renda, sobrevivendo não se imagina como.

Se os outros médicos do país se fechassem em suas casas com medo do contágio, deixando os enfermos à própria sorte, a pandemia e outras doenças já teriam dizimado boa parte da população.

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O Estado não poderia exigir da população algo que depende exclusivamente dele e que ele não consegue prover. O correto neste caso seria dispensar os trabalhadores da exigência da perícia até quando os servidores decidirem retornar às suas funções. Ou então credenciar clinicas privadas para a realização das perícias, o que seria melhor.

O serviço público custa muito caro a todas as empresas e a todas as famílias. Em um mundo mais justo deveria existir só para servir à sociedade. Isto, no entanto, é uma ilusão inútil. O governo vive cercado por uma burocracia que lhe mete medo e que não se rende à sua autoridade.

As associações sindicais existem para organizar os seus membros contra a sociedade. O sistema judicial quase sempre é solidário às suas transgressões, por solidariedade aos interesses corporativos, que são também os seus.

Só resta aos brasileiros continuar se indignando e sonhar que um dia o Brasil vá reformar as partes apodrecidas do seu Estado. Na história dos homens muitas coisas impossíveis acabam acontecendo.

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Roberto Brant é economista; https://capitalpolitico.com/

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