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Na antessala do Presidente (Por João Bosco Rabello)

A decisão do Facebook pode contagiar outras empresas como Twitter e Youtube

Por João Bosco Rabello
Atualizado em 30 jul 2020, 18h49 - Publicado em 10 jul 2020, 11h00

O inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a disseminação de notícias falsas (Fake News) ganha substancial reforço com o desmonte, pelo Facebook, de uma rede de difusão desses conteúdos e de perfis falsos. Segundo a plataforma, a rede identificada está ligada diretamente ao PSL e a funcionários do gabinete do presidente Jair Bolsonaro, do senador Flávio Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Não são apenas esses parlamentares, no entanto, que  aproximam o esquema do presidente da República. O levantamento do Facebook encontra três personagens já investigados no inquérito do Supremo, relacionados como operadores do esquema: são eles: Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz, todos localizados na antessala de Bolsonaro no Planalto. O trio não tem função definida e suas agendas são preenchidas burocraticamente com o clássico “despachos internos”.

O trio opera com um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, desde a campanha eleitoral de 2018, quando tinham os salários pagos pelo gabinete. A rede de fraudes tem 35 contas  e 14 páginas e se estende por Rio, São Paulo, Minas, Ceará, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia. É composta por sites financiados com anúncios públicos e privados. Tem contribuintes como Luciano Hang, da Havan (141 lojas e vendas de R$ 10,7 bilhões), e Edgard Gomes Corona, da SmartFit (850 salas de ginástica e receita de R$ 2,4 bilhões).

Também é citado como operador Paulo Eduardo Lopes funcionário do gabinete de Eduardo Bolsonaro. Ligados a deputados estaduais do Rio de Janeiro estão Leonardo Rodrigues de Barros e sua namorada Vanessa Navarro, também na lista. O primeiro é funcionário do gabinete de Alana Passos e, a segunda, do gabinete de Anderson Moraes.

A iniciativa do Facebook revela conteúdos eleitorais, sobre coronavírus, ataques a empresas jornalísticas e os que se enquadram no conceito de ódio e foram banidos da plataforma por violar os padrões. Cai por terra também a defesa recorrente dos bolsonaristas de perseguição política e censura à liberdade de expressão. Trata-se de uma rede de desinformação e de incitamento a uma conspiração contra a ordem institucional.

Mais grave são os indícios de uso de dinheiro público na operação dessa rede, o que é uma possibilidade concreta. Reforça essa suspeita o grande fluxo gerado no horário de expediente de trabalho, combinado com a geração de conteúdos em gabinetes públicos – de câmara de vereadores e assembleias legislativas ao Congresso Nacional, chegando ao Palácio do Planalto.

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Por certo, a reação começará pelo PSL, rompido com o presidente da República e que atribuirá a responsabilidade a funcionários de gabinetes parlamentares, o que não envolveria a legenda. Frágil, mas servirá para abrir ainda mais o fosso que a separa do presidente Bolsonaro.

É provável também que os envolvidos se empenhem em mostrar que são conteúdos censurados, de responsabilidade de seus autores. Difícil será não associar ao Planalto, com os três operadores principais na antessala do presidente da República.

Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz são figuras importantes dentro da Secretaria de Comunicação e se dedicam a balizar o comportamento institucional do governo nas redes.

Essa mesma rede, de grande alcance, servia de plataforma para disseminar narrativas do governo e defendê-lo. Ponto de interlocução essencial com a base mais radicalizada do presidente Bolsonaro. Seu desmonte pressiona integrantes e apoiadores da chamada ala ideológica do governo.

A postura do Facebook é significativa e inédita em termos políticos. É  consequência de uma pressão global. Marcas e anunciantes têm deixado de divulgar na rede social de Zuckerberg por falta de políticas mais severas contra Fake News e disseminação de discursos de ódio.

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A decisão da plataforma pode contagiar outras empresas como Twitter e Youtube. Se isso acontecer, agravará a situação. Esse efeito é provável, principalmente com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, país em que o Facebook esteve no centro da polêmica envolvendo a eleição de Trump e o vazamento massivo de dados para a Cambridge Analytics.

No Brasil, vive-se também em pré-campanha municipal, pleito que produz sinais importantes para as eleições gerais. Uma limitação nas redes nesse sentido pode afetar, e muito, eventual campanha de bolsonaristas,  dependentes das redes sociais.

 

João Bosco Rabello escreve no https://capitalpolitico.com/

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