Em junho último, quando o fogo tomou conta de uma parte da Amazônia e incendiou os ânimos dos que mundo a fora se preocupam com o futuro da maior floresta natural do planeta, qual foi a reação do presidente Jair Bolsonaro e do seu governo?
Culpar organizações governamentais de origem estrangeira pelo desastre mais do que anunciado. Denunciar governos de países interessados em tomar a Amazônia dos brasileiros. Demitir o presidente do Instituto de Pesquisas Espaciais.
Como Emmanuel Macron, presidente da França, foi o primeiro chefe de Estado a dizer que a Amazônia estava sendo devastada, Bolsonaro bateu boca com ele e acabou por reforçar uma ofensa feita à sua mulher nas redes sociais. Um vexame sem precedente.
E agora? Bolsonaro jogará em quem a culpa pelo aumento de 29,5% em relação aos 12 meses anteriores da área devastada da Amazônia entre agosto do ano passado e 31 de julho último? Desastre maior só ocorreu em 1998 quando o aumento foi de 31%.
O problema está nas alianças preferenciais dos Bolsonaros, pai e filhos. No Rio, pelo menos, a aliança deles é com os milicianos, donos de parte da cidade. Na Amazônia, com garimpeiros, madeireiros e grileiros de terras a quem protegem.
São mais 9.762 quilômetros quadrados de área desmatada, o equivalente a 1 milhão e 300 mil campos de futebol, 20% a mais que a região metropolitana de São Paulo. O resultado está em linha com um governo que só tem dado as costas ao meio ambiente.
O pior ainda está por vir quando forem divulgados os dados sobre a destruição da Amazônia nos últimos três meses. É o período onde a floresta costuma arder mais. Tudo o que o governo prometa para reparar o mal deve ser encarado com justa desconfiança.