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Por Coluna
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Moro tira a toga

Não há nada mais político do que o Moro que vem se apresentando ao país na nova fase.

Por Helena Chagas
Atualizado em 30 jul 2020, 20h11 - Publicado em 8 nov 2018, 12h00

Renan Calheiros abriu os braços e deu as boas vindas ao mundo da política: disse que “será de grande contribuição à democracia” a nomeação, para o Ministério da Justiça, do juiz Sérgio Moro – a quem chamou certa vez de “juiz de exceção”. O ex-juiz da Lava Jato insiste em que irá ocupar um cargo técnico, no qual usará toda a sua expertise contra o crime organizado e no combate à corrupção, e nega qualquer candidatura em 2022. Mas não há nada mais político do que o Moro que vem se apresentando ao país na nova fase.

O juiz implacável que se comunicava com o Brasil através de sentenças duras contra os corruptos, sempre com uma lição de moral, agora diz ter “grande admiração” pelo deputado Onyx Lorenzoni, o indicado para a chefia da Casa Civil do governo Bolsonaro que admitiu ter recebido caixa 2 da JBS. O todo poderoso senhor dos destinos dos acusados do Petrolão também aproveitou a mesma ocasião para dizer que o presidente eleito Jair Bolsonaro, de quem passa a ser subordinado, “é um homem bastante sensato e ponderado”.

Cada um é livre para pensar o que quiser, mas não chega a ser uma novidade, nesses tempos de impopularidade total da política, vermos mais um personagem entrando na política dizendo que não é político. Já vimos esse filme, e Moro, nessas primeiras horas de ribalta, está mostrando ter grande talento e ser uma promessa como protagonista.

Jeitoso, o quase ex-juiz mostra ter enorme jogo de cintura ao contemporizar em relação a posições mais radicais do futuro presidente, como a posse de armas, com a qual não concorda, pelo risco de municiar organizações criminosas, mas da qual não mais discorda radicalmente: “Falamos da arma mantida em casa”. Também faz uma ginástica para não bater de frente com o chefe na questão da mudança da maioridade penal, na qual defende “tratamento diferenciado em caso de crimes graves”.

Ameaça às minorias e ao Estado de Direito? Até agora, não viu nenhum sinal nesse sentido no governo do qual fará parte. Nenhum político ensaboado da velha guarda faria melhor do que Moro nessas primeiras horas sem a toga.

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Ninguém tem bola de cristal. Há um ano, quem dissesse que, em novembro de 2018, um Bolsonaro presidente da República seria chefe de Sergio Moro, seria mandado diretamente ao hospício. Não há a menor chance de se saber o que vai acontecer daqui a quatro meses, quanto mais daqui a quatro anos. O futuro de Moro vai depender de seu desempenho no combate ao crime organizado, à violência e à insegurança que hoje faz parte do cotidiano de todos os brasileiros – muito mais, por exemplo, do que da luta contra corrupção.

Só que isso não depende só da competência de Moro. Acima e além, depende de Bolsonaro, de outros integrantes do governo, do Congresso cheio de ex e futuros acusados da Lava Jato e do STF. Depende ainda de fatores muito menos institucionais e mais humanos, mesquinhos até. Uma das regras de ouro da política é não aparecer mais e nem querer parecer ser maior que o chefe. O governo de transição, é claro, está de olho nisso, e anotou os 15 minutos de Jornal Nacional que o novo ministro da Justiça recebeu após sua primeira coletiva, mais do que a soma de todo o noticiário do dia sobre Bolsonaro, transição, governo e Congresso juntos.

 

Helena Chagas é jornalista desde 1983. Exerceu funções de repórter, colunista e direção em O Globo, Estado de S.Paulo, SBT e TV Brasil. Foi ministra chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (2011-2014). 

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