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Moro, Huck, Doria: trio anti Bolsonaro assusta Ciro (por Vitor Hugo)

Ensaio pré – 2022

Por Vitor Hugo Soares
Atualizado em 15 nov 2020, 15h43 - Publicado em 14 nov 2020, 13h00

Vista na superfície, a ideia parece tirada do bolso do colete de um livre pensador político da era digital, dedicado a produzir um tipo de laboratório, digestivo e diferente, para disputar as eleições presidenciais de 2022, contra o atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro, que só pensa nisso e, desde já, pela reeleição “empenha o canavial da sogra”, como se diz no Nordeste, de onde escrevo.

Manipula-se, então, pedaços da costela do ex-juiz, Sérgio Moro, com lascas do jeito de ser do apresentador de TV, Luciano Huck e cortes selecionados do governador de São Paulo, João Dória. Assim se pretende formar uma chapa para enfrentar – como alternativa de centro, ou terceira via – a reeleição, pela direita, do atual presidente, agora seriamente baleado nas asas, em pleno voo, com a vitória, nos Estados Unidos, do democrata Joe Biden sobre o turrão republicano, Donald Trump. Os sinais, até aqui, indicam que a aliança está sendo construída para encarar, também, quem vier pela esquerda – de Lula a Ciro Gomes, Haddad, Dino ou Jaques Wagner. E, a deduzir pela reação deseducada do ex-governador do Ceará e ex-ministro do governo Lula, a esquerda foi a primeira a perceber a cartada do trio centrista.

Diante do quadro que se delineia, é inevitável recordar meu encontro com Leonel Brizola, no Uruguai, às vésperas dele ser expulso de seu longo exílio, pela ditadura que então se instalava no vizinho país da América do Sul, sob a égide da Operação Condor. Dias mais tarde, Brizola iria parar nos Estados Unidos, para cumprir, em Nova York, a penúltima fase de seu desterro, acolhido pelo governo democrata de Jimmy Carter.

No povoado de Carmen, província de Durazno, ao pé da porteira da estância onde vivia com a mulher, Neuza Goulart, Brizola disse, em seu melhor estilo didático e gauchesco: “Olha baiano, peço que guardes na memória, ou se quiser escrevas na lauda do JB que tens na mão, para não esquecer: O mal mais perverso da política e dos governos em nosso país é a falta de perspectiva política e histórica dos nossos homens públicos e governantes. A maioria incapaz de enxergar um palmo além do próprio umbigo e de seus interesses pessoais”. Ponto.

Reflito sobre isso, agora, ao ver a reação insolente e ofensiva – em estilo grosseiro – frequente nesta era de ataques inqualificáveis, em geral abaixo da linha da cintura dos oponentes. A desqualificação pura e simples, em lugar do debate de propostas e de princípios. Não surpreende, mas soa irônico, que a reação mais virulenta e tosca – à ideia de uma frente centrista para atuar entre extremos da direita à esquerda na campanha presidencial em 2022 – tenha partido de um político, abrigado exatamente no PDT, partido fundado em brava e ética luta por Brizola.

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Refiro-me a Ciro Gomes e sua irada reação ao primeiro ensaio pré – 2022: à suposta aliança Moro/Hulk/Dória. “O Moro se veste como os fascistas italianos da década de 30. Ele está sempre com uma camisa escura sob um paletó escuro. O Moro é fascista”, conclui em julgamento superficial o pedetista. Há grosserias mais pesadas contra o ex-juiz condutor da Lava Jato, que resvalam sobre Huck e Dória. Mas não digo, até por falta de espaço.

Só pergunto: que debate político, qualificado, pode prosperar diante de tão rasteiras considerações quanto as de Ciro? Responda quem souber.

 

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br

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