Milícias de invasores de terras em Rondônia matam policiais militares
Na região onde o fogo mais destrói a floresta amazônica
Em Rondônia, Estado governado por um policial militar da reserva que se elegeu em 2018 surfando na candidatura a presidente de Jair Bolsonaro, milícias fortemente armadas a serviço de invasores de terras executaram a tiros o tenente da PM Figueiredo Sobrinho que pescava em Mutum-Paraná, distrito de Porto Velho. Também foi morto um sargento de nome Rodrigues.
Foi um crime bárbaro. Rondônia é segundo Estado onde mais se devasta a floresta amazônica à base de fogo. Segundo parentes do tenente, os milicianos o confundiram com um agente de segurança de fazendas da região e atiraram nele. O primeiro tiro o feriu de raspão. Tão logo descobriram que Figueiredo era um policial, levaram-no para o meio da mata e o mataram.
Contou uma das testemunhas que acompanhavam o tenente:
– Encontraram o documento do tenente no seu carro e descobriram que ele era militar. Estávamos na estrada todo mundo nu, apanhando, sangrando. Aí mandaram Figueiredo levantar. Levaram ele para o outro lado da estrada e na nossa frente, cinco metros longe de nós… deram 10 tiros nele no rosto e no peito. Aí atearam fogo no carro com tudo que nós tínhamos dentro.
Isso ocorreu no último sábado. Nesse mesmo dia, três equipes de policiais, cerca de 20 homens, foram em busca dos corpos, mas ao chegarem ao local sofreram uma emboscada. Os mesmos milicianos, ou outros, não se sabe, atiraram e feriram quatro deles. Ontem, domingo, o comando da Polícia Militar mandou 60 policiais para recolherem os mortos e feridos.
“É importante que a Justiça perceba que essas ações são criminosas. Não são de pessoas que buscam terra para sobreviver”, declarou Marcos Rocha, o governador que atende pela alcunha de Coronel Marcos Rocha, do PSL. Nascido no Rio de Janeiro, ele estreou na política como candidato ao governo de Rondônia. Na última pesquisa do primeiro turno, apareceu com 8% dos votos.
Foi para o segundo turno com 24% dos votos contra Expedito Junior, do PSDB, com 32%. E venceu com 66%.