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Por Coluna
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Mentiras, até prova em contrário

É preciso pôr um freio nos agentes da ordem que procedem como criminosos 

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h16 - Publicado em 6 dez 2019, 07h00

Fica combinado assim: sempre que houver mortos e feridos, as explicações oferecidas pelas Polícias Militares para suas ações devem ser tomadas como mentirosas, até que se prove o contrário.

Elas dizem respeitar os protocolos que ditam a sua maneira de agir. Por sua vez, os governadores se comportam como se fossem reféns delas, endossando suas desculpas muitas vezes esfarrapadas.

Mas há um protocolo não escrito que elas cumprem com extremo rigor quando se veem em apuros: atribuir às vítimas a culpa pelo que aconteceu; alterar a cena do crime e dar um sumiço nas provas.

Invariavelmente é assim – quer se trate da Polícia Militar de São Paulo, a melhor do país segundo o governador João Doria (PSDB), ou da Polícia Militar de qualquer Estado da região Norte.

Embora com atraso, Doria parece ter acordado para a gravidade da chacina na favela de Paraisópolis onde foram mortos 9 jovens entre 13 e 24 anos e feridos outros 32 na madrugada do domingo passado.

Finalmente, encontrou tempo em sua agenda para ver os vídeos que mostram a intervenção desastrada da polícia, reunir-se com famílias dos mortos e anunciar que a polícia irá rever seus protocolos.

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De certa maneira, é isso o que costumam prometer os governantes em situações análogas. Mas o buraco é bem mais em baixo. Está na formação dos policiais. Está no mau exemplo que vem de cima.

O presidente da República estimula o uso de violência excessiva por parte das forças da ordem. Governadores como o próprio Doria fazem o mesmo, à caça de votos de uma população amedrontada.

Seja por medo ou insanidade, uma fatia expressiva dos brasileiros, principalmente dos mais indiferentes à abissal distância que os separa dos mais pobres, acha que bandido bom é bandido morto.

No Rio, o governador Wilson Witzel já celebrou em público o tiro mortal de um sniper que acabou com um sequestro de ônibus. E recomenda à polícia que “atire na cabecinha” de bandidos.

Em conversa recente com um grupo de amigos, Witzel contou que está fazendo o possível e o impossível para “empurrar” os criminosos de volta aos seus lugares. Quais? Favelas e morros.

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O ministro Sérgio Moro, da Justiça, ainda não desistiu da proposta rejeitada pela Câmara do excludente de ilicitude, uma espécie de licença para matar a ser conferida a policiais e a militares.

O número de civis mortos em confronto com as Polícias Militares, muitos deles inocentes, só faz crescer ano após ano. Nem por isso está em construção um país mais seguro. Longe disso.

E o mais trágico: está comprovado que a letalidade policial atinge de preferência uma soma assombrosa de pobres e de negros. Como ocorreu em Paraisópolis, mas não só ali.

É preciso pôr um freio nos agentes da ordem que procedem como os criminosos que dizem combater.

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