Melhor aprender a nadar quando a água bate na bunda
A previsão para o futuro breve não mudou. Continua ruim.
Foi dada a partida na corrida eleitoral. E os candidatos não decepcionam. Nem surpreendem. Sendo muito otimista, da para dizer que a previsão para o futuro breve não mudou. Continua ruim.
Seria fácil dizer que o Brasil é país surpreendente. Mas nem isso. Faz tempo que o autoproclamado país-do-futebol perdeu a capacidade de gerar novidade. Por ali, só velhidade mesmo.
Como sempre, na campanha eleitoral falta contato com a realidade. Soluções e planos factíveis, nem se fala. Seguem os candidatos em curiosa coreografia cujo único objetivo é esconder o inevitável sacrifício e sofrimento que se avizinham.
O ajuste vai ser sofrido. De uma maneira ou de outra. A única mudança, dependendo do que for feito, é se ele será útil e passageiro (se é que dá para usar o adjetivo para anos de purgatório) ou simplesmente cíclico e repetitivo.
Já com a linha d`água pelo queixo, o país parece perdido em falsos diagnósticos, debates legais ao mesmo tempo infrutíferos e intermináveis, e, principalmente, em apatia mal disfarçada por reclamações e resmungos nas mídias sociais.
Enquanto a população vive situação de maldade insolente, a situação piora pela hora. E, como que em queda livre, as eleições vão se passando a margem do fato de que, em breve, o corpo encontrará o chão.
Somente o tempo poderia ajudar a encontrar algum humor na situação. Eis uma nação a beira do abismo que age como se pudesse ignorar os problemas. Esquecemos o básico. O que mata não é a velocidade da queda. É a parada repentina. Ou, no nosso caso, nem tão repentina, mas certamente previsível.
Não é (ou pelo menos não deveria ser) segredo a crise fiscal encomendada e agravada pela falta de propostas que, se ainda se existissem, seriam executadas por governança (no mínimo) duvidosa. Mesmo assim, o cheiro de populismo empesteia no ar.
Já acostumados a perder oportunidades, vamos, a cada ano, envelhecendo sem enriquecer. Ignoramos todos os sinais. Persistimos nos mesmos erros, liderados pelos mesmos nomes.
Seguimos afogados inépcia própria. Já com a água a entrar pelo nariz, nos damos conta que teria sido melhor aprender a nadar quando ela bateu na bunda.
Elton Simões mora no Canadá. É President and Chair of the Board do ADR Institute of BC; e Board Director no ADR Institute of Canada. É árbitro, mediador e diretor não-executivo, formado em direito e administração de empresas, com MBA no INSEAD e Mestrado em Resolução de Conflitos na University of Victoria. E-mail: esimoes@uvic.ca .