Uma vez que a greve dos caminhoneiros seja suspensa por 15 ou 30 dias, dificilmente será retomada. Mesmo fraco, pelas tabelas, um governo ainda pode muito. Pode, por exemplo, gastar o que não tem repassando a conta aos contribuintes. De novo não será assim? Quantas vezes não foram?
Ficará para outra oportunidade a chance da oposição de ver o país pegar fogo, e o governo derreter. O que não quer dizer que o governo Temer sairá incólume dessa. Foi pelo ralo qualquer esperança que ele ainda alimentasse de melhorar um pouco sua imagem. Se mais de uma morte é possível, ele morreu de novo.
Maio é sempre agosto para Temer, mesmo quando não deveria. Maio de 2016 foi quando ele pôs os pés pela primeira vez no Palácio do Planalto como presidente provisório da República, em substituição a Dilma Rousseff afastada do cargo para responder a processo de impeachment.
O governo montado por ele começou a desmanchar-se de imediato. O ministro do Planejamento Romero Jucá foi forçado a demitir-se tão logo o país ouviu a gravação onde ele dizia que era preciso “estancar a Lava Jato com o Supremo e tudo”. Foi a primeira baixa. E o primeiro de uma série de escândalos.
Maio de 2017 até que havia começado bem para Temer. Depois de arrancar do Congresso a aprovação de medidas importantes para revitalizar a economia, a bola da vez seria a reforma da Previdência. Mas aí sua voz foi ouvida dizendo ao empresário Joesley Batista que era “precisa manter isso, viu?”.
Desde então, estigmatizado como o homem do mau, parou de governar. Limita-se a reagir aos fatos que já não controla. E tenta escapar à humilhação de ser deposto como a presidente a que sucedeu. Alvo de duas denúncias por crimes de corrupção, não está livre de uma terceira.
Embora ainda em curso, este maio não entrará para a história de Temer apenas como o da greve que poderia ter provocado a volta às ruas das multidões furiosas de junho de 2013. Foi também há poucos dias que ele abdicou de sua fantasia mais desvairada, a de candidatar-se à reeleição.