Ruiu um dos pilares de sustentação do governo Bolsonaro – o pacote de medidas contra o crime e a corrupção despachado ao Congresso pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública, o ex-juiz Sérgio Moro. E quem se encarregou de derrubá-lo foi nada menos do que o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-DEM).
Maia causou espanto com a virulência do que disse a respeito. Chamou Moro de “funcionário do presidente Bolsonaro”, o que ele de fato é, mas jamais ninguém o tratara assim. Acusou-o sem meias palavras de extrapolar de muito as competências do seu cargo ao cobrar a tramitação rápida do pacote.
E avisou a quem interessar possa – referindo-se ao ministro e ao próprio presidente da República: “É o presidente Bolsonaro quem tem que dialogar comigo. [Moro] está confundindo as bolas. Ele não foi eleito para isso. Está ficando uma situação ruim”. Está ficando, não: já ficou, e aparentemente sem retorno.
Não bastasse, Maia ainda desqualificou o pacote de Moro ao dizer que ele não passa de uma cópia de um conjunto de propostas sobre o mesmo assunto apresentado em maio do ano passado por uma comissão de juristas encabeçada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Este ano, a prioridade da Câmara será a aprovação da reforma da Previdência, segundo Maia garantiu, em sintonia com o ministro Paulo Guedes, da Economia. Só no segundo semestre, e se tempo houver para isso, é que a Câmara se debruçará sobre as propostas de Moraes. As de Moro serão anexadas a elas.
Moro é mal visto no Congresso por sua atuação à frente da Operação Lava Jato. Mal visto é pouco: é detestado. A maioria dos deputados e senadores gostaria de vê-lo pelas costas. Sabotá-lo seria uma maneira de impedir que Bolsonaro o indique para a próxima vaga de ministro a ser aberta no STF.