Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Lula quer voltar a ser a esperança que derrotou o medo

Memórias do blog

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 16 mar 2018, 12h00 - Publicado em 16 mar 2018, 12h00

Texto do dia 16/03/2016 

O país amanheceu sem governo – e até aí nada demais, pois está sem governo que funcione desde o início do segundo mandato da presidente Dilma. No primeiro, o governo funcionou mal e só fez errar.

Dilma foi dormir, ontem, na condição de presidente da República afastada do cargo para que Lula possa ocupá-lo na prática. E Lula foi dormir sem ter dito a Dilma se assumirá o governo. Ficou de responder hoje.

Lula assumirá, sim. Porque a essa altura, se ele não assumisse, só restaria a Dilma esperar mais alguns meses para ser deposta pelo Congresso, embalado para aprovar o pedido de impeachment.

Continua após a publicidade

A demora de Lula em dizer “sim” ao convite de Dilma para ser ministro deveu-se a três motivos, dois deles relevantes. O irrelevante: ele não queria disputar espaço na mídia com a delação de Delcídio do Amaral.

Hoje, ao longo do dia, a delação perderá espaço para o anúncio de que o país terá um novo governo, desta vez comandado por Lula. Ele parecia conformado em voltar ao Palácio do Planalto somente em 2018.

Os motivos relevantes: Lula queria subtrair de Dilma o máximo de poderes que pudesse para governar, e certificar-se durante a madrugada do tamanho do apoio que o PMDB poderá lhe oferecer.

Continua após a publicidade

Na conversa de quatro horas com Dilma no Palácio da Alvorada, Lula exigiu carta branca para reformar o ministério se necessário, e para mexer na política econômica.

A carta branca lhe foi dada. É aconselhável que Aloizio Mercadante, Ministro da Educação, peça para sair antes que seja saído. O novo ministro da Justiça foi escolha compartilhada por Dilma e Lula.

Dilma disse que não será obstáculo para que Lula promova na política econômica as correções que ele julga imprescindíveis. Uma delas, ainda genérica: acenar para o “andar de baixo” e retomar o crescimento.

Continua após a publicidade

Lula não se arriscará a dar uma guinada forte na economia – primeiro porque sabe que isso aprofundaria a crise, segundo porque não quer trombar com o mercado financeiro.

Pai dos pobres, tudo bem para ele. Mas sem deixar de ser a mãe dos ricos, como foi enquanto governou.

Mas Lula não pode deixar totalmente insatisfeitos o PT e os chamados movimentos sociais, sua principal base de apoio. Não lhe passa pela cabeça repetir o discurso incendiário das últimas semanas. Longe disso.

Continua após a publicidade

Não perdeu de vista o mote de sua primeira campanha vitoriosa à presidência – “A esperança vai vencer o medo”. Quer vencer o medo comportando-se como um moderado.

Como fez quando se elegeu em 2002, pretende de novo esvaziar o discurso da oposição ao governo se apoderando dele ou de parte dele. Ou conseguirá pacificar o país ou não será bem-sucedido. É o que tentará.

Está disposto, se for o caso, a se comprometer em não disputar mais eleições presidenciais. O difícil – ou quase impossível – é que os partidos, e o próprio país, acreditem nisso. Nem mesmo o PT acreditará.

Continua após a publicidade

O PMDB de Renan Calheiros será sensível aos desejos de Lula. O PMDB de Michel Temer, que aposta no impeachment, não. Os encrencados com a Lava-Jato serão sensíveis também.

Esses haviam abandonado Dilma porque ela já não tinha mais forças para protegê-los. Torcem para que Lula os proteja de Sérgio Moro e do ministro Teori Zavaski, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Se Lula não der o que eles querem, preferirão apostar em um novo governo que decorra do impeachment. Tudo, por enquanto, está em aberto. Resta combinar com Moro e Teori.

Os ministros do STF estão incomodados com a manobra concebida por Lula de se refugiar no governo para escapar de Moro. Ficará a impressão de que Lula imagina contar com a cumplicidade deles.

Novas delações atingirão Lula em cheio. O mensaleiro Pedro Corrêa, ex-presidente do PP e, hoje, entregue aos cuidados de Moro, dirá que recebeu de Lula R$ 11 milhões para apoiar o seu primeiro governo.

A Procuradoria Geral da República examina a hipótese de pedir ao STF para abrir inquéritos contra Lula, Dilma, Aécio Neves, Temer e outros denunciados por Delcídio.

O combate à corrupção, avalizado pela esmagadora maioria dos brasileiros, poderá derrotar a esperança que Lula desejaria representar outra vez.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.