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Julho: da partida de João Ubaldo e da encruzilhada do Brasil

“Quem não morre, fica velho”, dizia Ubaldo.

Por Vitor Hugo Soares
Atualizado em 21 jul 2018, 14h00 - Publicado em 21 jul 2018, 14h00

“Brincando, brincando” – no jeito soteropolitano de lembrar – lá se vão quatro anos da partida de João Ubaldo Ribeiro, o filho notável de Itaparica que, na resistente e histórica ilha da Baia de Todos os Santos, gerou para o mundo o monumental romance “Viva o Povo Brasileiro”. Morreu no Rio , na madrugada de 18 de julho de 2014, em seu apartamento no Leblon, vítima de embolia pulmonar.

“Quem não morre, fica velho”, dizia Ubaldo. Vozeirão grave e potente, inconfundível. Riso aberto e jeito único de ser e dizer coisas com inteligência, cultura e coragem. Mesmo que isso causasse polêmicas explosivas, e atraísse sérios e desgastantes problemas, em razão da ira e dos ataques que se levantavam contra ele.

Em geral, vindos de medíocres. Governantes, gestores e políticos corruptos, ou endinheirados negociantes corruptores. Quando Ubaldo morreu, Jaques Wagner (PT) governava a Bahia. E o autor de “Sargento Getúlio” estava no meio de uma destas batalhas. Comandava a campanha de denúncia e combate ao eleitoreiro projeto caro e faraônico para a construção de uma ponte sobre o mar, ligando Salvador a Itaparica. Submersos, enormes e estranhos interesses da política e do poder, ao lado das grandes empreiteiras, nascidas e engordadas nas tetas do setor público, como se revelaria em seguida nas investigações da Lava Jato.

Em fevereiro de 2014, João Ubaldo estava em Salvador, para festejar os 73 anos de idade na sua ilha e sair no famoso Bloco do Jacú, do amigo e inspirado compositor, Walter Queiroz. O cronista brilhante e indomável nas questões de princípios, aproveitava também, para incendiar a polêmica com os donos do poder local e nacional. Contra “o conto eleitoral da Ponte”. Projeto outra vez retirado da gaveta pelo vice-governador, dublê de secretário de Planejamento, João Leão (PP), que se autodenomina “um construtor de pontes”, agora com a dinheirama prometida pelos chineses. Gás extra para turbinar a campanha com vistas à reeleiç&a tilde;o de Rui Costa (PT), reclama a opisição.

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Quatro meses depois de festejar o aniversário – cercado de antigos e novos amigos, inclusive o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e poeta sergipano, Carlos Ayres Brito. Na quarta-feira, desta semana, a jornalista Olívia Soares postou um registro fotográfico do aniversário do escritor em sua ilha: “Último encontro com João Ubaldo, em Itaparica. Era fevereiro de 2014, um dia especial, rodeado de amigos, ele estava muito feliz. Cantou, dançou. Em julho do mesmo ano, ele partiu”, escreveu na legenda.

Motivo de saúde me impediu então, de atravessar de barco para ir à festa. Guardei a lembrança de quando chefiava a sucursal da VEJA, na Bahia e Sergipe, e o então editor-executivo da revista, Tales Alvarenga, me pediu para ir à Itaparica conversar com Ubaldo, para a resenha do lançamento do romance “O Sorriso do Lagarto”, que a revista publicaria dias depois. Fui com o fotógrafo Mário Leite, e fiz a entrevista. Depois, no bar da pracinha da ilha, bebemos juntos, revivendo lembranças comuns do jornalismo e da vida (Ubaldo foi editor-chefe da Tribuna da Bahia), do Brasil na ditadura. Choramos os dois ao falar do professor e político, Manoel Ribeiro, pai do escritor e meu mestre inesquecível, de Filosofia, na Faculdade de Direito. Mas sinto ainda, o vazio pelo abraço que não dei em João Ubaldo Ribeiro, antes da part ida. Saudades!

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitor_soares1@terra.com.br 

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