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Invertebrados

O que é comum a essas entidades? A luta pelo poder sem verniz ideológico

Por Gaudêncio Torquato
Atualizado em 30 jul 2020, 19h19 - Publicado em 17 nov 2019, 11h00

Jair Bolsonaro, com sua caneta cheia de tinta, sai do PSL e anuncia a criação de um novo partido, Aliança pelo Brasil, que ficará sob seu mando. Se arrumar 500 mil assinaturas e conseguir que o TSE aprove a nova sigla até maio de 2020, teremos a eleição para prefeitos e vereadores em outubro com sua participação ao lado de outras 30. O que é comum a essas entidades? A luta pelo poder sem verniz ideológico.

Lula da Silva, o maior líder da oposição, que disse sair da prisão “mais à esquerda”, estará também na luta, desfraldando a bandeira do socialismo. Na condição de condenado em 2ª instância, ele não poderá ser candidato, mas se o processo do tríplex for anulado, Lula adquire elegibilidade.

Situação e oposição, desde já, se preparam para o amanhã. De um lado, veremos o socialismo de José Dirceu pregando um Estado paquidérmico e sustação de privatização de estatais. De outro, a defesa de forças do mercado dando o tom da política. Já a social-democracia, habitat do tucanato, não deverá ter novos crentes.

O fato é que aqui e alhures emerge o fenômeno do embaciamento do jogo político, ou, como denomina Ro­ger-Gérard Schwartzenberg, uma “uniformização no cinzento”. Os partidos se identificam com a política de resultados.

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Assemelhados, se afastam do campo doutrinário, interessados apenas na luta do “poder pelo poder”. Balizam suas ações em questões pontuais, como carga de impostos, reformas (previdência, trabalho), projetos polêmicos e desvios de agentes públicos.

Ora, impõe-se acentuar o papel dos partidos em projetos de longo alcance. Qual deles pensa assim? Nenhum. O PT, maior partido de oposição, caminhou em direção ao centro, ocupando flancos da social-democracia. Os partidos da situação refugiam-se em um “centrão democrá­tico”. Assim, os entes se reúnem nas antessalas do poder, onde se serve geleia insossa e inodora.

Mesmo nos EUA, onde os partidos Republicano e Democrata dominam a política desde 1852, abrigando a grande maioria do eleitorado, cresce a tendência para a pasteurização do discurso. Lá ainda se consegue enxergar que republicanos são mais fiéis aos princípios do nacionalismo, no moralismo e na religião, sustentando a base conservadora. Os democratas se posicionam mais na banda esquerda do Centrão, havendo até protagonistas com certo ar radical, como o senador Bernie Sanders, este que faz questão de avocar índole socialista.

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Na Europa, os partidos social-demo­cratas ganharam força em um primeiro ciclo e hoje tentam reconstruir suas identidades, sob a ascensão da direita. Na nossa AL, a instabilidade se generaliza. O Chile do liberal Piñera vê multidões nas ruas. No Uruguai, a esquerda deve ceder o poder à direita. A Argentina volta a desfraldar a bandeira kircnherista. Peru vive momento tormentoso. No Equador, a ciclotimia entre esquerda e direita também se instala. Na Bolívia, Evo renuncia sob pressão das Forças Armadas e suspeição de fraude eleitoral.

Aqui, a interrogação: para onde vamos? O vale-tudo é o jogo imposto pelo domínio da máquina e não por ideias. No deserto, só se vê areia. E animais invertebrados.

 

Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político

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