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Inimigo oculto, o retorno

Disparates arremessados pelo clã Bolsonaro

Por Mary Zaidan
Atualizado em 30 jul 2020, 19h20 - Publicado em 3 nov 2019, 09h00

O inimigo oculto, divindade máxima da teoria conspiratória, andava sumido. Apareceu para Jânio Quadros travestido de força oculta e, disfarçado como elites anônimas, até frequentou os discursos do ex Lula. Mas com nome próprio só deu as caras no pós-ditadura militar para batizar uma operação da Polícia Federal, em 2017, que mapeou desvios de quase R$ 1 bilhão na Caixa. E é nesse ente ressuscitado, que assusta menos que fantasia de criança em dia das bruxas, que o clã Bolsonaro e seus fiéis apoiam suas narrativas.

A fórmula, usada e abusada à direita e à esquerda para justificar desmandos autoritários e esconder incompetências, tem ainda o condão de jogar cortinas de fumaça sobre temas incômodos para aqueles que as usam. Aposta que parece ser a da primeira-família, que se mexe no ritmo de bate-assopra entre as imprudências do pai presidente e a insensatez dos filhos.

Coincidência ou não, a virulência dos disparates arremessados pelo clã Bolsonaro varia na proporção aritmética dos rolos em que aparece envolvido.

Se o filho Eduardo tem derrota anunciada em embates na Câmara e na pretensão de ser embaixador, arruma-se um post, preferencialmente agressivo ou de baixo calão, para chamar a  atenção da mídia. Para tergiversar sobre o sumiço de Fabricio Queiróz, ex-assessor do filho Flávio, enredado em uma trama de rachadinha e de milicianos, o pai arma encrencas com o PSL, solta uma besteira e com ela canaliza as atenções.

Se as notícias – e talvez a CPMI – chegam perto da rede de maldades com assento no terceiro andar do Planalto, conhecido como gabinete do ódio, a turma que opera as redes sociais do presidente exibe, com o consentimento dele, o vídeo do leão cercado de hienas. E cria reboliço. Se o porteiro do condomínio em que ele e o filho Carlos têm casa presta dois depoimentos à polícia – agora apontados como falsos – afirmando que seu Jair autorizara a entrada de um dos suspeitos da morte da vereadora Marielle Franco, o filho Eduardo evoca a possibilidade de edição de medida similar ao AI-5. E fala com naturalidade para se contrapor ao recrudescimento inexistente de ações da esquerda que, segundo os devaneios dele, são financiadas por Cuba e pela Venezuela com o dinheiro do BNDES.

 

De novo, o inimigo oculto prestou-se à manobra diversionista e conseguiu redirecionar o foco. A rápida e necessária defesa da democracia ofuscou o extenso questionário de dúvidas sobre a afirmação reiterada duas vezes pelo porteiro, que, aliás, ainda não foi ouvido novamente depois de ser desmentido.

Assim como Queiróz, o porteiro sumiu.

A hipótese de atos autoritários contra a democracia, só imagináveis se apoiados por militares, passa longe das Forças Armadas, que, a despeito de uma ou outra voz isolada, rechaçam a ideia e preferem ser respeitadas como esteio institucional.

Mas a batuta de Bolsonaro já impõe retrocessos, com jornalistas xingados e desrespeitados cotidianamente por exercer o seu ofício, e ameaças à imprensa, que ele gostaria de ver à míngua.

Com um estilo de fazer inveja a Hugo Chávez – incensado pelo jovem Bolsonaro, que considerava o bolivariano uma figura “ímpar” e uma “esperança para a América Latina” -, o presidente falou em cassação da concessão da TV Globo, a qual chamou de “canalha”. No dia seguinte, mandou que o governo federal suspendesse as assinaturas da Folha de S.Paulo, ameaçando também os anunciantes privados do jornal. O que conseguiu foi quintuplicar o volume de assinantes do jornal que ele pretendia asfixiar.

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Ainda que isolados, os movimentos dos últimos tempos impõem estado de alerta sobre o inimigo imaginário cultivado pela conveniência de Bolsonaro e os seus. Não que devamos acreditar em bruxas, “pero que las hay las hay”.

 

 

Mary Zaidan é jornalista 

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