Fala-se muito, e com, razão, da humilhação imposta pelo presidente Jair Bolsonaro, com a cumplicidade do seu filho Carlos, ao ex-ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da presidência da República, antes seu motorista, advogado e coordenador de campanha.
Bebianno ficou cinco dias insepulto entre o momento em que foi chamado de mentiroso pelo pai e o filho, e o momento em que o porta-voz de Bolsonaro, à falta do que realmente portar, anunciou sua demissão. O motivo? Ora, questão de foro íntimo do “nosso presidente”.
Mandam os fatos que se diga, porém, que a humilhação foi recíproca. Nem todo esse tempo transcorreu unicamente devido ao desejo perverso do capitão de ver Bebianno se decompondo. O ex-ministro fez Bolsonaro suar de raiva.
Uma vez que Bebianno recusou-se a pedir demissão como desejava Bolsonaro, e disse não ao convite para ser diretor de Itaipu ou embaixador do Brasil em Roma, começou a procura para uma saída menos desonrosa para ele. E aí foi Bebianno que estava no controle.
Exigiu que Bolsonaro gravasse um vídeo pedindo desculpas. E fez inúmeros reparos ao texto a ser lido pelo presidente. O texto final só ficou pronto depois de muitas idas e vindas, intermediadas pelo ministro Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil.
Por último, Bolsonaro fez uma molecagem com seu ministro: prometeu que postaria o vídeo em sua página no Twitter, mas faltou com a palavra. Mandou que vazassem o vídeo para a imprensa. Missão dada, missão cumprida. Foi ela que o divulgou.
Nas redes sociais, ouviu-se o brado dos devotos exultantes: O capitão é fogo! Bolsonaro espera que Bebianno não cometa a molecagem de falar como havia insinuado.