Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Governo dissimula riscos da CPI (por João Bosco Rabello)

É muito grave um presidente chegar ao ponto de alertar para o iminente risco de o país tornar-se um barril de pólvora

Por João Bosco Rabello
Atualizado em 15 abr 2021, 12h13 - Publicado em 15 abr 2021, 12h00

Por mais que tente, o presidente Jair Bolsonaro não disfarça o temor político pela instalação da CPI da Covid. É possivelmente o sentimento menos insano do chefe de governo, por isso mesmo vestido com figurino de combate a dissimular o risco que passa a rondar sua gestão.

Aliados tentam emplacar a narrativa de que ao estender as investigações aos repasses específicos de combate à pandemia nos estados e municípios, o governo inverteu o risco, que passaria a ser dos governadores e prefeitos. E, com isso, conteria o ímpeto oposicionista na comissão.

O problema é que não há como controlar uma CPI, como ensina a história política recente. O destino do ex-governador Sérgio Cabral, no Rio, começou a ser desenhado na CPI do Cachoeira, por iniciativa do então presidente Lula, para vingar-se de seu inimigo da hora, o governador de Goiás, Marconi Perillo e jogar uma cortina de fumaça no mensalão.

Logo no seu início, a CPI trouxe à tona as relações promíscuas entre o empreiteiro Fernando Cavendish e o governador do Rio, aliado de Lula – um fio de meada que acabaria no presídio de Bangu, onde até hoje Cabral cumpre pena.  Foi no que deu o governo patrocinar uma CPI.

Foi na CPI dos Bingos que o então poderoso ministro da Fazenda Antônio Palocci mentiu ao dizer que desde sua posse no cargo jamais voltara a se encontrar com a chamada República de Ribeirão Preto, formada por integrantes de sua equipe na prefeitura daquela cidade e condenada por diversos delitos.

Continua após a publicidade

A pergunta nada tinha a ver com a investigação específica, mas a resposta descuidada faria diferença mais tarde quando se provou o contrário – que Palocci não só mantinha contato com a turma como o fazia semanalmente em uma casa alugada em Brasília para esse fim.

O que fica dessas lições do passado recente é que mesmo produzindo danos a adversários, as ações do governo em uma CPI são sempre defensivas, mesmo quando vai ao ataque, e ele sempre está mais exposto do que a oposição.

No caso presente, a tentativa de colocar no mesmo patamar de investigados 27 governadores, já mostra a desigualdade de forças, sem falar na maioria oposicionista na comissão. Para a sonhada limonada presidencial, se chance houvesse, os meios e os conteúdos de Bolsonaro na reação já a fazem natimorta.

É muito grave um presidente da República, especialmente na circunstância trágica de uma pandemia, chegar ao ponto de alertar para o iminente risco de o país tornar-se um barril de pólvora.

Continua após a publicidade

É uma ameaça sem precedentes para a qual certamente haveria reações mais contundentes se o Congresso Nacional não estivesse funcionando em modo virtual. A dinâmica política com o Legislativo reunido possivelmente já teria oferecido resistência – e mesmo uma contraofensiva – não só a essa mais recente ameaça do presidente, como a outras.

A pandemia produz efeitos políticos contraditórios. Ora aumenta a temperatura; ora abranda. No primeiro caso, quando as instituições reagem à tensão contínua que caracteriza o governo. No segundo caso, quando o atendimento prioritário à população e o distanciamento social se impõem ao contexto político.

Em algum momento, porém, não será possível administrar o calor e a CPI parece acenar para isso. O presidente, por suas reações rápidas, mostra estar atento ao noticiário, mas parece desdenhar da progressiva deterioração da economia e da saúde física e mental da população.

Não se pode acordar todos os dias com um novo conflito protagonizado pelo governo.

Continua após a publicidade

Leia Também:

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.