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Por Coluna
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Em Momento de Crise

Psicanálise da Vida Cotidiana

Por Carlos de Almeida Vieira
Atualizado em 15 ago 2018, 16h00 - Publicado em 15 ago 2018, 16h00

O sol meio cinzento iluminando com raros raios o espaço e a superfície terrena denunciam a turbulência da existência humana com gritos de desesperança e ao mesmo tempo com expectativas de claridade celestial no futuro.

O absoluto é a morte, não faz parte da tessitura da vida senão das fantasias dos viventes. Mas, a crise está aqui, alí, em nossa experiência diuturna e há que se respeitar sob pena de transformá-la numa catástrofe terminal, numa metáfora de fim-de-mundo.

Os sussurros e gritos existenciais de hoje revelam o que Beatriz Araujo Lima Coelho, doutora em sociologia e política em França, escreveu em seu belo e doloroso livro Cadernos do silêncio (1990-2002) na página 96: “As pessoas se ameaçam mutuamente pelo simples confronto de suas diferenças; a infinidade de máscaras a camuflar sentimentos, pensamentos, conhecimentos; aprofundamento das distorções quanto à essência e à aparência; impossibilidade de diálogo, de troca, da inteligência, em suma. Cada um quer prevalecer o seu universo mental, o seu almanaque de “meias verdades”.

Estamos dentro da tempestade regida pelo aspecto perverso do Narcisismo mortífero, estamos desacreditados pela falência da ordem familiar, da desagregação da governança política e da crise de identidade do judiciário. Impera no mundo atual o que Freud escreveu em “Totem e Tabu”. O que impera é o EU onipotente, onipresente e onisciente, roubando o lado da relação-com, do diálogo, da humanidade dos vínculos e do respeito à alteridade.

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A águia devora os peixes na superfície das águas não para saciar sua fome, mas para satisfazer a sua gula, sua voracidade sádica na ilusão de ser plena, cheia, ideal, sem poder viver o que os psicanalistas chamam de “ a falta”, condição intrínseca do existir.

Não é por acaso que o filósofo francês Jean Beaufret (1907-1982) no livro Observações sobre Édipo e observações sobre Antígona: precedido de Hölderlin e Sófocles (Friedrich Hölderlin e Jean Beaufret), escreve: “Digamos numa palavra que é trágico de retraimento ou o afastamento do divino. Hölderlin dirá: Gottes Fehl: a falta de Deus”.

A crise tem seu lado pesadoro, doloroso e trabalhoso, mas traz em si também a possibilidade de mudanças, de transformações no sentido de preservar as pulsões de vida, a criatividade e capacidade de tirar proveito da tempestade. Claro, exige tolerância à frustração, caso contrário as soluções serão a repetição de padrões antigos e rígidos, travestidos de falsa democracia ou de explícitos movimentos ditatoriais e fundamentalistas.

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