Ele chega cada vez mais rápido. Parece que o do ano passado foi ontem, emendado no deste ano. Um Natal coladinho no outro e, no meio, um ano voado e zoado. Relaxa. Chegou.
Como se fosse fácil relaxar no fim deste ano danado, sofrido, complicado, amedrontado. Pelo menos, tente. Não tem outro jeito. É Natal. Vai rolar a festa. Até em ano que não foi festeiro.
É Natal para todos – para os que têm tudo e como celebrar, para os que não. É Natal para os da bolsa de valores, para os dos bolsos vazios. Para os mimados, para os desvalidos, os abandonados. Para os com sorte e os sem. Para os que estão fechando bem o ano, para os nem tanto, para os que nem o mês fecha muito menos o ano.
O ano foi tenso. Estranho. Quando os mais sensíveis sofreram – desilusões, principalmente – e lotaram consultórios de psis, buscando lá alívio para encarar o aqui. Foi mole não.
Foi ano de farol virado pra trás. Revelando escuro, casulo de bicho papão e sombras – luz que não alumia. Goiabeira goiaba, sem frutos. Em nome de Jesus. Não o do presépio, mas da presepada.
Bem antes do Papai Noel, derrapamos no país dividido em rancores saídos não sei de onde, como que grama seca que verdeja com qualquer pingo de chuva, mas cresce erva daminha. Ou o contrário, grama verde que, do nada, ressecou trançada em armadilha de nó apertado.
De onde saiu tudo isso? Quem plantou tanto azedume?
Não há Noel que responda.
Não foi um ano normal. Não é um dezembro normal. Tem um Lula preso – principalmente por ser Lula. Lawfare? Teve o João do poder mágico da cura que também machucava – só mulheres. Muitas. É de Deus?
Teve mais e sabemos como e quanto foi esse mais.
Houve de tudo neste ano pouco santo. Este dezembro tem medo no ar. E um não saber sabendo que as perplexidades estão longe do fim. Que virá? Que será?
Mas é Natal. (Mais triste que outros? Mais quieto? Sem brilho?).
Uma semana mais e lá estaremos festejando, trocando – presentes, abraços, olhares, desejos. Nada disso ou tudo disso. Porque é Natal. E, como sempre, o Natal é para todos, embora nem todos tenham Natal.
Não custa desejar, sinceramente: Feliz Natal. Que seja leve, que clareie.
Tânia Fusco é jornalista, mineira, observadora, curiosa, risonha e palpiteira, mãe de três filhos, avó de dois netos. Vive em Brasília. Às terças escreve sobre comportamentos e coisinhas do cotidiano – relevantes ou nem tanto