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Deu a louca no capitão!

A família acima de tudo

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h34 - Publicado em 19 jul 2019, 07h00

Embora a causa fosse indefensável, o presidente Jair Bolsonaro valia-se de argumentos que até poderiam soar razoáveis a ouvidos de leigos para justificar a indicação do seu filho Eduardo ao posto de embaixador do Brasil em Washington.

Eduardo é fluente em inglês e espanhol, dizia o pai. É enturmado com o pessoal da Casa Branca, dizia o pai. Foi elogiado em público por Donald Trump, dizia o pai. Morou um tempo nos Estados Unidos, onde aprendeu a fritar hambúrguer, dizia Eduardo.

O pai dizia mais. Eduardo tem muito faro para negócios. Sabe defender os interesses do Brasil. Ele será os olhos e os ouvidos do pai, que precisa dos seus serviços. De resto, sua nomeação está longe de ferir a lei do nepotismo, acredite quem quiser.

Mas como Bolsonaro não seria Bolsonaro se não falasse pelos cotovelos e não dissesse muitas idiotices, ele usou seu programa semanal no Facebook para voltar ao assunto pela terceira vez, somente ontem. Anteontem, foram quatro vezes.

Então deixou de lado o que antes repetia para assombrar o mais devotado dos seus devotos com as seguintes declarações:

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“Lógico, que é filho meu, eu pretendo beneficiar filho meu, sim. Pretendo, se puder, dar filé mignon, eu dou, mas não tem nada a ver com filé mignon, nada a ver, é realmente, nós aprofundarmos um relacionamento com um país que é a maior potência econômica e militar do mundo”.

“Se eu quiser hoje, eu não vou fazer isso jamais, chamo o Ernesto Araújo, falo: O Ernesto vai para Washington, que eu vou botar o Eduardo no Ministério da Relações Exteriores”.

Quer striptease moral mais escandaloso? O presidente da República confessa que quer beneficiar um dos seus filhos designando-o para o cargo mais importante da diplomacia brasileira. Podendo dar filé mignon ao filho, por que não daria?

É um raciocínio tão primário, tão rudimentar e tão antirrepublicano quanto seu autor. Se a lei do nepotismo permitisse a nomeação de Eduardo, a confissão do seu pai deveria bastar para barrá-la de uma vez. Fosse este país naturalmente sério.

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Acredito na sinceridade de Bolsonaro quando ele afirma que deseja apenas beneficiar seu filho. Nos seus quase trinta anos como deputado, ele pôs a família acima de tudo, empregando parentes em gabinetes, elegendo os filhos vereador, deputado e senador.

Essa história de Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, é slogan de campanha para tocar a alma dos eleitores. A dos evangélicos foi tocada pelo batismo de Bolsonaro nas águas do Rio Jordão. A facada de Juiz de Fora se encarregou do resto.

A autenticidade de Bolsonaro, antes assaz louvada pela massa de indignados que resolveu virar o país de ponta-cabeça, acabará mais dia menos dia se voltando contra ele.  Está mais para ignorância e despreparo do que para autenticidade.

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