Na hora em que soube da quebra do seu sigilo bancário por ordem de Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, que fez o presidente Michel Temer sem que ninguém lhe cobrasse isso?
Anunciou que tornaria públicos os extratos de suas contas. Seria a melhor maneira de pôr um fim às suspeitas de que recebeu dinheiro sujo da Odebrecht para financiar campanhas do PMDB.
Ontem, porém, em entrevista à IstoÉ, Temer afirmou que desistiu de entregar seus dados bancários à imprensa como havia prometido. E justificou-se assim para espanto geral:
– Pensei em abrir. Mas houve a consideração de que teria que mandar para mais de 300 blogs e cada um usaria aquilo da forma que quisesse. Então, quando vierem as contas para o chamado processo sigiloso, porque não há processo sigiloso nenhum, quando chegar lá, vai vazar e as pessoas terão acesso.
Deixa ver se entendi. Ele recuou porque teria de mandar suas contas para mais de 300 blogs… Por que teria de mandar para blogs? Ou mesmo para jornais, emissoras de rádio e de televisão?
Por que não poderia simplesmente postá-los em alguma página oficial do governo, e os interessados que fossem consulta-los por lá? Trezentos blogs… Existem mais de 200 milhões deles só no Brasil.
Mas Temer acrescentou a explicação que, uma vez divulgadas suas contas, cada um dos blogs “usaria aquilo da forma que quisesse”. Ora, e como ele havia pensado que seria? Ou desejaria determinar como deveria ser?
Bem, em seguida, ele admitiu que quando os extratos bancários forem juntados ao processo acabarão vazando “e as pessoas terão acesso”. Se os extratos vazarão de todo jeito por que ele não os divulga?
A resposta é simples: porque Temer tem esperança de que os extratos não vazem uma vez que serão juntados a um processo sigiloso. O que dá ensejo à outra pergunta: o que os extratos escondem que ele tanto teme?