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Por Coluna
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De Gabinetes e Celas (Por João Bosco Rabello)

Um misto de parlamento e presídio

Por João Bosco Rabello
28 fev 2021, 11h00

Para os que conspiram contra a política, como Daniel Silveira, tudo pode fazer sentido.

Quando a política é feita com o fígado os resultados não costumam ser bons. A legislação em construção no Congresso Nacional, em reação à prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), entre outras coisas denuncia como farsa a votação que o manteve na cadeia. Ou bem a Câmara o considera culpado – e avança até sua cassação -, ou vai pôr a digital na ficha do meliante.

A raiva e a reflexão não andam juntas. Decidir que a sede física da instituição abrigará parlamentares eventualmente presos é, em primeiro lugar, admitir que outras prisões virão. Em segundo lugar, gabinetes se transformarão em celas – pelo menos, alguns, e, simbolicamente, a instituição será um misto de parlamento e presídio.

Andarão os presos parlamentares com uniformes próprios, que os distinguirão dos demais ou se misturarão aos pares de forma que não se saiba quem é quem? Poderão dormir em casa ou, se a prisão decretada for preventiva, terão que dormir em suas celas – oops -, seus gabinetes?

Ou haverá um mini-presídio para esse fim, tornando o Parlamento uma instituição mista – que faz as leis e ao mesmo tempo encarcera quem, entre os seus, as infringe? E a polícia legislativa se tornará uma PM? Quem serão os carcereiros?

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Tempos atrás viu-se um grave sintoma na proposta de fazer um shopping dentro do Congresso Nacional. Agora a memória de Ulysses Guimarães volta a remexer: “Estão achando ruim esse Congresso porque ainda não viram o próximo”. O shopping era inofensivo.

Para os que conspiram contra a política, como Daniel Silveira – que não vale uma briga de rua-, tudo pode fazer sentido. No caso de um golpe, com o qual personagens como ele sonham diariamente, não precisarão prender ninguém: basta cercar o prédio. A Lei que legitima o parlamento como prisão já será realidade.

E o que dizer da deputada Flordélis, conhecida por Flor de Lis (uma pérola de ironia em homenagem ao acento diferencial), ré por assassinato? Haverá uma espécie de clausura de segurança máxima para que o seu grau de periculosidade seja reconhecido e os demais dele preservados?

Os congressistas não percebem que é a preservação das maçãs podres que dão aos algozes da política o discurso da pena de morte.

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O problema desse tipo de arranjo é que tira dos próprios personagens a noção de missão, público, espaço e comportamento e acabam todos em esquizofrenia cívica e crise de identidade.

Uma espécie de alienação institucional, todos reféns do guarda de esquina mencionado por Pedro Aleixo quando instado a se manifestar sobre o AI-5. Agora, há uma seita de advogados bolsonaristas e, com tantos generais no comando do país, já há coronel verde-oliva dando piti em condomínio, achando que está no quartel.

Vale sempre lembrar que em 2013 não havia pandemia e a justa intolerância da população com a falta de contrapartida aos impostos astronômicos – ou seja, os serviços públicos -, mudou o curso da política e o rumo do governo da hora, cujo calvário começou ali. A pauta que importa continua a mesma: governar para a população. A hora é de prefeitura.

 

João Bosco Rabello escreve no https://capitalpolitico.com/

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