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De Deng a Jinping

A China do atual presidente Xi Jinping tem apenas 2% de chineses abaixo da linha da pobreza

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 30 jul 2020, 20h05 - Publicado em 19 dez 2018, 10h00

A China comemora os 40 anos de suas quatro frentes de modernização (agricultura, indústria, tecnologia e forças armadas), iniciadas em 18 de dezembro de 1978 por Deng Xiaoping. Elas foram responsáveis por transformar o país mais populoso do mundo na segunda potência econômica do planeta. Como o Brasil costuma olhar pouco para o Oriente, não temos a exata noção do significado histórico de medidas que retiraram 740 milhões de chineses da linha da pobreza e, nestas quatro décadas, fizeram surgir metrópoles como Shenzhen, hoje considerada o vale do silício chinês.

Quando o comitê central do Partido Comunista da China aprovou suas frentes de modernização, o país de Deng era essencialmente rural, mais de 80% da sua população viviam com menos de 1,90 dólares – portanto em extrema pobreza.

A China do atual presidente Xi Jinping tem apenas 2% de chineses abaixo da linha da pobreza e uma potente classe média de 400 milhões de pessoas com padrão de consumo comparável ao dos países ocidentais.

Esse salto gigantesco se deu sobre os escombros de três pragas que quase destruíram uma sociedade milenar: o Grande Salto Para Frente de 1958/1961, com o “igualitarismo” das comunas rurais e a supressão das leis de mercado e do valor; os dez anos da Revolução Cultural maoísta, responsável pelo quase extermínio dos intelectuais e da ciência; e a ação da “gang dos quatro”, liderada pela esposa de Mao Tsé-Tung, madame Chiang Ching.

De uma economia baseada no planejamento estatal e no controle total dos meios de produção, típicos do modelo soviético, a reforma de Deng instituiu a exploração privada da terra pelos camponeses, iniciou um processo de privatização e de atração do capital privado com vistas à transferência tecnológica.

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No discurso de comemoração dos 40 anos da modernização chinesa, Xi Jinping reafirmou o bordão de Deng de “construir o socialismo com características chinesas”. Pura retórica ideológica. A China é uma sociedade híbrida. Capitalista na economia – a iniciativa privada responde por 60% do PIB e 80% dos empregos – e com ditadura comunista.

A acumulação primitiva chinesa se deu por meio da super exploração da mão de obra, com baixos salários e jornadas exaustivas, e da degradação ambiental. Além de intensa repressão, como deixou evidenciado o Massacre da Paz Celestial de 1989.

Convém ao Brasil olhar com mais atenção para quem pode se tornar a principal potência do mundo. Em artigo publicado no último sábado, o cônsul geral da China, Ly Yamg, mandou um recado para o novo governo, bem ao estilo chinês: “o enorme poder de compra de 1,4 bilhões de habitantes da China é um mercado que o Brasil não está em condições de perder”. De fato, exportamos para a China desde aviões até grãos, com superávit comercial da ordem de quase U$ 30 bilhões. E os investimentos diretos chineses no nosso país foram de U$ 24 bilhões em 2017.

A China desafia o prognóstico de que o desenvolvimento econômico e o surgimento de uma moderna classe média naturalmente levariam à sua democratização. O discurso duro de Jinping tentou dissipar qualquer ilusão quanto ao fim do monopólio do poder nas mãos dos comunistas.

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Mas, assim como em meados do século passado era inimaginável que a China pudesse se enveredar pelos modos de produção capitalista, quatro décadas é muito pouco para mensurar todos os impactos futuros das modernizações iniciadas por Deng Xiaoping. Quanto mais em uma sociedade milenar.

 

Hubert Alquéres é professor e membro do Conselho Estadual de Educação (SP). Lecionou na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes e foi secretário-adjunto de Educação do Governo do Estado de São Paulo  

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