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Por Coluna
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“Cartas Consolatórias”

Psicanálise da Vida Cotidiana

Por Carlos de Almeida Vieira
Atualizado em 20 jun 2018, 15h00 - Publicado em 20 jun 2018, 15h00

“Assim como todos os vícios se radicam profundamente, a não ser que sejam sufocados enquanto brotam, assim também estes sentimentos infelizes e miseráveis e que se enfurecem contra si mesmos se alimentam da última amargura e a dor de um espírito infeliz torna-se um prazer vicioso. Dai eu ter desejado empreender esta tua cura nos primeiros momentos: o mal ainda nascente teria sido dominado com um remédio mais suave; deve-se lutar mais enérgicamente contra males inveterados. Pois também é fácil a cura de feridas enquanto frescas de sangue, então são cauterizadas e reduzidas profundamente e recebem os dedos dos que a examinam, quando contaminadas e transformadas em chagas. Não posso, agora, tratar com complascência nem suavemente tão cruel dor: é preciso violentá-la”

Fragmentos de uma missiva do filósofo e senador Sêneca à Márcia, numa das suas cartas. Esse fragmento faz parte de um livro fantástico, denominado: Cartas Consolatórias de Sêneca, Ed. Pontes e tradução de Cleonice Furtado Mendonça.

Sêneca foi filósofo, político e dramaturgo. Nascido em Córdoba, na Espanha, viveu em Roma e lá criou um grupo de pensadores e o denominou de “Consoladores de Almas”. Estava talvez criada, (4 a.C? – 65 d.C) uma das primeiras instituições psicoterápicas. Os “consoladores de almas” visitavam ou escreviam epístolas às pessoas sofridas.

Sêneca já percebia a diferença entre luto e melancolia, questão tratada por Freud séculos após. Na carta à Márcia ele tenta fazê-la sentir e compreender que: “se deploras a morte do teu filho, a culpa é do momento em que nasceu, pois a morte lhe foi anunciada ao nascer”. O filósofo quer dizer com isso que, a maior dor, o maior sofrimento do homem, não é o medo ou a angústia da perda, e sim, a angústia perene da condição de sermos mortais.

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Adiante, em sua carta, Sêneca ainda escreve: “Mas é natural a saudade dos entes queridos. Quem a nega, desde que seja moderada? De fato, na partida e não somente na morte dos que nos são caros existe uma inevitável amargura e angústia até nos espíritos mais fortes. Mas aquilo que a imaginação acrescenta é mais do que aquilo que a natureza impõe.”

Carlos de Almeida Vieira é alagoano, residente em Brasília desde 1972. Médico, psicanalista, escritor, clarinetista amador, membro da Sociedade de Psicanálise de Brasília, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e da International Psychoanalytical Association 

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