Mais do que as suspeitas do presidenciável paciente febril do Alberto Einstein, sobre a inviolabilidade das urnas eletrônicas, é bom ficar de olho nos aviões que pousam e decolam em nossos aeroportos, à medida que as pesquisas afunilam e mostram tendências que apontam para um provável decisivo embate plebiscitário entre “direita” e “esquerda”. Representadas, respectivamente, por Jair Bolsonaro (PSL), líder das pesquisas, e Fernando Haddad (PT), já em segundo lugar, depois de atropelar concorrentes respeitáveis (Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Marina Silva) .
Bolsonaro, o capitão, lidera todas as pesquisas de intenção de votos, hospitalizado em São Paulo, depois da grave facada que recebeu em Juiz de Fora. Voa alto, em quase céu de brigadeiro. Fernando Haddad, o nome do PT, corre em segundo lugar, em ascensão, de acordo com o Ibope e Data Folha. Mesmo chamado de “poste” do ex-presidente Lula, preso em Curitiba, mas ainda assim personagem de proa da campanha entre os seus.
Secundado pelo ex-ministro José Dirceu, condenado a mais de 30 anos de prisão no Mensalão e na Lava Jato. Solto por decisão da segunda turma do STF, anda pelo Nordeste. Coordena, orienta, chefia partidários em reuniões fechadas, atos públicos e retumbantes entrevistas radiofônicas, a titulo do lançamento de seu livro de memórias.
Observo, ao meu redor, estes lances da semana. Sem perder de vista ou da memória fatos recentes (ou mais remotos), ligados ao suspeito tráfego de aviões e seus estranhos passageiros, com passaportes diplomáticos, de autoridade ou assessor governamental, carregando malas e maletins (como dizem os argentinos) recheadas de dólares e relógios caros, não declarados, em período acirrado de campanha presidencial, onde a grana (de origem escusa e não identificada) pode fazer toda diferença.
Desconfio – assim como os fiscais alfandegários – ser algo do gênero o caso do Boeing do Governo da Guiné Equatorial que decolou domingo (16) de Viracopos, em Campinas (SP), de volta a Malabo, sem as maletas com U$ 1,4 milhão e R$ 55 mil, e cerca de 20 relógios avaliados em U$ 15 milhões, apreendidos com a delegação na chegada ao Brasil, (dia 14). No comando do grupo, o notório Teodoro Obiang Mang, vice-presidente, filho do ditador africano que manda em seu país há quase 40 anos. Teodorin Mang é conhecido de outras passagens por carnavais do Rio de Janeiro; farras de arromba no paradisíaco condomínio privado da praia de Busca Vida, litoral norte de Salvador; e “visita de honra” ao bairro negro do Curuzu, sede do bloco Ylê A yiê.
Na campanha presidencial de 2007, na vizinha Argentina, se deu o caso do “maletin de Guido Wilson Antoninni”. O empresário estadunidense/venezuelano que chegou no aeroporto de Buenos Aires, em 4 de agosto daquele ano eleitoral, com um grupo de funcionários venezuelanos (do governo Chavez) e argentinos, procedente de Caracas, trazendo um “maletin” com 800 mil dólares, apreendido pelos fiscais federais.”Era dinheiro não declarado para a campanha de Cristina Kirchner”, revelou o fiscal norte-americano Thomas Mulvilhill. Em 28 de outubro de 2007, Cristina era eleita presidente, na sucessão de seu marido, Nestor Kirchner. No Brasil inquieto de 2018, vale citar o falecido colunista Ibrahin Sued, m ais uma vez: Olho vivo, porque cavalo não desce escada”!.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitor_soares1@terra.com.br