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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Bolsonaro primeiro destrói para construir depois o que não se sabe

É a única promessa que realiza por enquanto

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h07 - Publicado em 9 mar 2020, 08h00

Se o governo cometer mais besteiras, o dólar baterá a casa dos 5 reais, admitiu o ministro Paulo Guedes, da Economia, o ex-Posto Ipiranga do presidente Jair Bolsonaro. Se Guedes for demitido ou pedir as contas, o dólar irá a 7 reais, projetou o ministro.

O mercado está pronto para evitar uma disparada dessas se o substituto de Guedes for Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, embora saiba que o problema maior não é Guedes. E ainda faltam três anos para que se dê adeus a Bolsonaro

Fora outras razões que podem impulsionar o dólar. Como deverá acontecer, hoje, depois que o preço do barril do petróleo desabou no mercado internacional. Na abertura do mercado na Ásia, ele voltou ao patamar de 1991, antes do início da Guerra do Golfo.

Quando Guedes diz que tem 15 semanas para mudar o Brasil, ignora-se se esse é o prazo que ele se deu para depois seguir ou não no cargo ou se esse foi o prazo que seus superiores lhe deram, do contrário será mandado embora. Guedes não explicou direito.

Quinze semanas tem a ver com o costume de o Congresso ficar vazio a partir de junho em ano eleitoral. A primeira das 15 semanas venceu. Esta agora vencerá sem que nada de bom aconteça à espera das manifestações marcadas para o próximo domingo.

Se elas forem grandes, e o Congresso o seu alvo, deputados e senadores levarão certo tempo para engolir mais um sapo indigesto que Bolsonaro lhes serviu. Restarão 12 semanas para que se cumpra ou que se frustre a inesperada previsão de Guedes.

E no que consistiria mudar o Brasil em 15 semanas? Guedes não explicou. Talvez consistisse em avançar dentro do Congresso de modo convincente com a pauta das reformas. Mas imaginar que elas serão aprovadas em prazo tão curto é um despautério.

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Quem sabe Guedes não será obrigado a dizer outra vez que foi mal interpretado quando falou em 15 semanas, que retiraram sua frase de contexto, e coisa e tal? Quem sabe não culpará por isso a imprensa, inimiga número um de governos em dificuldades?

Extraordinário é que o governo precise tanto do Congresso e não perca uma chance de atacá-lo. Foi novamente o que fez Bolsonaro no último fim de semana dentro do Esquadrão Logístico da Força Aérea Brasileira, em Boa Vista, Roraima.

Imagine se Lula, o líder vermelho, cercado de admiradores no ambiente de uma unidade militar, chamasse o povo às ruas em apoio ao seu governo? E logo às vésperas de manifestações a serem promovidas por seus devotos da esquerda contra o Congresso?

Lula ou outro governante qualquer de esquerda, mesmo que legitimamente eleito, se arriscaria a ser acusado de subversivo, de atentar contra a ordem e as instituições da República, e de acabar enquadrado na Lei de Segurança Nacional de triste memória.

Mas Bolsonaro pode, porque a direita e os militares estão com ele. Foi no Regimento Mallet, quartel do Exército em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que Bolsonaro, em 15 de junho do ano passado, aproveitou a Festa Nacional da Artilharia para incitar sua turma.

“Mais do que o Parlamento, precisamos do povo ao nosso lado para que possamos impor política que reflita em paz e alegria a todos”, ele disse quando a reforma da Previdência empacara. E defendeu armar a população para evitar golpes de Estados.

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Saiu do regimento aos gritos de “Mito”. Em Boa Vista, antes de entrar nas dependências da Força Aérea Brasileira, foi saudado aos gritos de “Mito”. Nunca antes na história da democracia neste país um presidente jogou tanto o povo contra os demais Poderes.

Bolsonaro teve tempo suficiente até aqui para entregar ao país muitas de suas promessas de campanha. Entregou quase nada. A reforma da Previdência foi obra deixada pronta pelo governo Temer e aprovada pelo Congresso apesar de Bolsonaro.

Entre Dilma e Bolsonaro houve Temer, que herdou um PIB negativo de 3,3 e tornou-o positivo um ano depois. Legou a Bolsonaro um PIB que crescia a 1,3%, inflação e dólar sob controle, juros em queda, reforma trabalhista, teto de gastos públicos.

O Brasil estava pronto para voltar a crescer. Mas deu no que se vê: um pibinho que não passará dos 2% este ano, dólar nas alturas, fuga de capital estrangeiro, ações de empresas em baixa, desemprego expressivo e instabilidade política.

Em sua primeira visita a Washington, Bolsonaro afirmou durante convescote na embaixada do Brasil que seria necessário, primeiro, destruir tudo que encontrara (o sistema) para só depois começar a construir. É a única promessa que se empenha em realizar.

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