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Atraso e falácias: Suassuna (no chão) e Bolsonaro na ONU (por Vitor Hugo)

O discurso do presidente

Por Vitor Hugo Soares
Atualizado em 18 nov 2020, 19h56 - Publicado em 26 set 2020, 11h00

Em linha reta (aérea), 6.740 quilômetros separam Recife, na beira do Rio Capibaribe, Nordeste do Brasil, de Nova York, cosmopolita cidade da costa leste dos Estados Unidos, à beira do Rio Hudson. Na capital cercada de pontes, na poética Rua da Aurora, a estátua de Ariano Suassuna, mestre e símbolo da inteligência regional e nacional, teve as pernas quebradas e foi jogada no chão, na madrugada do dia 21, num ataque de “vândalos” (definição usada no noticiário deste caso torpe). Na cidade norte-americana, sede da ONU, na abertura de sua 75ª Assembleia Geral, em histórica primeira sessão digital, dia 22, o presidente Jair Bolsonaro jogou nas costas de “índios e caboclos”, a responsabilidade pelas devastad oras que imadas na Amazônia, Pantanal e no resto do país.

Estes dois fatos evidenciam: no jogo pesado e não raramente repulsivo e condenável (da política, dos sectarismos religiosos, dos engodos governamentais, das ideologias, dos interesses dos negócios e dos negociantes), a “Veneza brasileira” e a “Maçã” podem ficar mais próximas do que se poderia imaginar. Principalmente quando a questão é de atraso e de falácias, presentes nos dois casos.

O discurso do presidente, pré-gravado e ouvido pelo próprio Bolsonaro, no Palácio do Planalto, ao lado de seus ministros em rígida, casernosa, mas efusiva formação, a fala do chefe de estado, que abriu a reunião de mandatários do planeta (por praxe), teve reações díspares e contraditórias, local e mundialmente. Informações de bastidores revelam que nos quartéis e nos núcleos de decisão do governo, o clima foi de festa.

Sabe-se, por exemplo, que os militares ficaram em êxtase. A começar pelo ministro-chefe do Gabinete da Segurança Institucional (GSI), “Boina Azul” das Nações Unidas, general Augusto Heleno, que teria contribuído com dicas e macetes para amaciar a fala do capitão e torná-la mais palatável e sonora aos ouvidos mais relevantes na ONU. Um eufórico integrante do governo vibrou: “Foi tudo o que esperávamos. O presidente marcou posição, atacou críticos, sem ser agressivo” .

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Os críticos e opositores do governo, no entanto, são duros e implacáveis em suas análises sobre o pronunciamento de Brasília para o mundo, via Nações Unidas. Noves fora adjetivos, que vão de “mentiroso”, “falsário”, “cínico” e outros impublicáveis – partidos de diplomatas, parlamentares, governantes, indigenistas, dirigentes de ONGs, artistas, intelectuais e outros mais – “caíram matando” (na expressão soteropolitana) em cima de Bolsonaro. A síntese, neste caso, talvez esteja na reação de Beto Marubo, da Univaja: “Na ONU, o presidente da República sugeriu que queimadas são provocadas por índios e caboclos, justamente as vítimas desse crim e em s&e acute;rie. Enquanto governo persistir em falácias e teses infundadas, o mundo e os próprios brasileiros ficarão sem resposta nessa questão ambiental”, criticou o representante indígena. Ponto.

E estamos de volta à Rua da Aurora, em Recife, e à escultura de Suassuna (obra de Demétrio Albuquerque) depredada no chamado Circuito dos Poetas, onde estátuas de outros vultos da cultura e da inteligência do Brasil, já tiveram nariz quebrado, braços extirpados e pescoços cortados. Tudo atribuído a “vândalos”, não identificados e impunes. Desse jeito, onde iremos parar? Responda quem souber.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br

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