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Por Coluna
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Anormal (por Tânia Fusco)

Cadê nossa tão explicitada capacidade de amar demais?

Por Tânia Fusco
Atualizado em 18 nov 2020, 20h03 - Publicado em 11 ago 2020, 11h00

Cada data, e lá vamos nós pras redes sociais dar fé pública do nosso amor pra mamãe, pro papai, vovó, vovô, filhão, filhota, neto, neta, melhor amiga/o. E por aí vai.

Agora, sem permissão pra abraços, carinho/afeto em exposição notória até que faz mais sentido. Não importa. A questão não é a circunstância, mas a fé pública daquela porção de amor.

Somos exibicionistas de amores. Está no nosso DNA. As redes sociais testemunham essas tantas celebrações dos – sempre incríveis – celebrados.

Fico aqui pensando, quantos milhares somos nas redes sociais? Milhares de milhares. Em momento de tamanha tragédia humana, seria uma avalanche se, por um tempo, trocássemos nossas paroquiais manifestações de amor por generosa indignação pelos mais de 100 mil mortos da pandemia no Brasil.

Não é normal. Nem consequência natural de uma doença ainda sem remédio, sem vacina. É resultado de muitos erros, muito descaso, da negação da violência do vírus, de desrespeito à ciência e à vida. É desumano.

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Assim, sem marcar o horror das mais de 100 mil mortes, que alcançam diretamente 100 mil famílias – além de outras milhares indiretamente -, nos tornamos coniventes com o descaso pela tragédia. Porque é uma tragédia. E a palavra precisa ser repetida. E sentida.

Cadê nossa tão explicitada capacidade de amar demais?

Que porra de amor é esse que não vai além da porta de nossas casas, agora, trancadas?

Cadê nossa indignação?

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Mais de 100 mil mortos. Média diária de 1.022 mortos. Alguma mudança de atitude de quem governa? Dos que decidem?

Não.

Não é normal. Eles são anormais – no dizer e no agir.

Nada é normal no que vivemos. Não é normal assistir o, ainda interino, ministro da Saúde fazer pose pra dizer que “não é o numero que faz a diferença”. É fé pública no deboche – mais um – com as famílias dos mortos, dos doentes, do nosso medo. Ás vezes, pânico.

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Tudo é anormal. Não há novo normal em viver trancada, em temer a respiração do outro, em assistir na TV a contagem diária dos mortos.

Principalmente não é normal realçar os sobreviventes, quando ainda nem sabemos se e com que sequelas seguirão pela vida. Mais fé pública de negação da tragédia.

Normal seria fazer de tudo para evitar mortes, para conter a propagação da doença. Não essa brincadeira de ensaio e erro, de usar ou não a máscara, ou maldita cloroquina e outros inas mais.

Triste o espetáculo que estamos vivendo.

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Em contagem antipática, 70% dos brasileiros não mereciam encarar uma pandemia com um governo chulo de tão desqualificado.

Governo que representa o brasileiro mais ignaro, pra quem sentimentos humanitários definem ideologia.

E assim somamos mortos enquanto eles pensam em reeleição, sem nem a preocupação de explicar anos de Queiroz depositando dinheiro vivo em contas bancárias da família presidencial.

Trinta mil reais pagos em dinheiro vivo vira “uma coisinha guardada em casa”, no dizer do filho Flávio, o 01 que, enquanto deputado, guardava essas coi$inhas. Pra despesas corriqueiras. Embaixo do colchão. Certamente.

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Deboche com a inteligência alheia. De policiais e promotores inclusive. Declaração de fé pública no nada-vai-acontecer-comigo. Joguinho de cena com “asautoridade” do Rio de Janeiro.

Enfim, somos nós, eles e a pandemia. Eles jogando contra – não a pandemia, mas nós, que seguimos dando fé pública de nosso amor aos nossos.

Os 100 mil mortos? São só “outros”. Taoquei?

 

Tânia Fusco é jornalista, mineira, observadora, curiosa, risonha e palpiteira, mãe de três filhos, avó de dois netos. Vive em Brasília. Às terças escreve sobre comportamentos e coisinhas do cotidiano – relevantes ou nem tanto

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