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Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Além de onde a vista alcança (por Paulo Delgado)

Ensaio sobre a imperfeição na política

Por Paulo Delgado
Atualizado em 30 jul 2020, 18h54 - Publicado em 25 Maio 2020, 13h00

Em um local onde não aportam nem os piratas chineses nem o barco pintado de branco da Fundação Rockefeller um certo senhor conta a história de um moleque normal que viu tiro na praça e ia de canoa roubar mexerica na fazenda do poderoso do lugar. É certo que o desacordo das confusões da vida impulsiona temperamentos e deixa marcas na memória. Nada que justifique confundir lei com fora da lei.

Cinquenta anos depois, embora vivendo em um labirinto que invade todos os dias sua vida é possível ver um Scaramouche dançando alegremente em um capinzal cheio de corpos. Ele tem codinomes, um inclusive numérico. Confessou naturalmente que conta extraoficialmente com a proteção da justiça e da polícia do lugar através de um sistema particular de informações que funciona. Superou todos seus iguais no mundo desprezando a glória da longevidade como se fosse um Herodes dos velhos.

Mesmo não sendo palco de nenhuma comédia de arte é possível ver sua cabeça sair do ombro de vez em quando dando a falsa impressão de que é uma marionete. Como pessoa marcada pelas sombras e o medo das coisas imprevisíveis mesmo quando sopra, morde. Já não distingue a verdade do aparente.

O melhor que é possível tirar da máscara agravada pelo isolamento de agora é confiar que algumas construções históricas revelam que algo menos burlesco algum dia irá nos ajudar. Enquanto não é possível saber quem foi, de fato, para os outros um bom governante, contarei o que sei sobre este inverno que se antecipou.

II

Quem vive neste local há mais tempo sabe que as obras parecem concluídas e abandonadas e viraram foco de uma doença misteriosa que mata de fora para dentro e de repente passou a ser de dentro para dentro por obra e deleite de um colecionador de soldadinhos de chumbo. Há bizarras criaturas humanas no comando do lugar com sorrisos de animais bem à mostra, tudo se conduz sem carrascos, não há execuções por pelotões, salvo uma recente nota nodosa e ameaçadora à nação escrita por força do instinto inconsistente de um tratador de zoológico querendo se fazer simpático na jaula do leão. Mas a rotina opressiva é de uma contínua supressão em massa dos vagalumes, aqueles lampejos inocentes que não conseguem clarear a escuridão, mas dão uma mínima orientação que seja para quem quer se salvar.

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Muitos já escreveram contos, preces, romances, fizeram filmes sobre tal engenhoca política que funciona maquinalmente como as marés, especialmente porque ninguém se dá conta que a onda está avançando a cada dia como uma inundação. Talvez porque a sensação que causa esses períodos infames – que dominam valores, gestos, corpos, a alma das pessoas – somente seja percebida depois, com o que não sobra. Se deixar chegar depois, o depois é nada.

Do jeito que tudo está, tão sem contradição interna verdadeira, como uma fórmula matemática velha, é possível perceber aquela parada marcial geometricamente evoluir para a jactância. E inverter as coisas: o que parece estar sendo montado é um show de fantoches, não no palco onde estão os donos do espetáculo, um grupo restrito, mas no meio dos que estão na arquibancada balançando a cabeça.

No palco há os políticos de sempre, alguns empresários vendedores de carne moída no pão, um bilionário dono de armazém, pastores evangélicos vendendo indulgencias sanitárias, padres perdidos, militar sem nitidez histórica procurando um reforço de representatividade sem notar que troca por miúdo sua carreira, pessoas bombadas, intimidadoras em seus carros com roda grande e buzinas horríveis. Parece que a gerencia de administração da coisa achou alguns ministros saídos da cabeça do apocalipse de João, querendo transformar em sangue a terça parte do mar.

III

O pior é que a coisa tem muito a cara do lugar, um amontoado de pessoas que está deixando de ser um país, sem nenhum ímpeto profundo dominado pela turma do vamos ver. Como o poder não foi conquistado com glória, nada pode ser lembrado com glória. Há até um remédio para mosquito empurrado como formicida para acelerar a catástrofe.

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Em um ato do governo divulgado pelo Instituto Nacional de Criminalística que ficou conhecido como Laudo de Perícia Criminal Federal, registrando áudios e vídeos obscenos ocorridos em uma boate da capital, a China é tratada como os brancos tratavam os quilombolas no vale do rio de sua infância.

Mas é o economista chefe que surpreende. Disse que para se livrar do banco oficial, que tem mais de 200 anos e funciona, é preciso associar a operação de venda à secreção do órgão sexual masculino, pressupondo essencial falar em espermatozoide de modo chulo, pois isso identifica melhor com as fantasias de seu chefe. Como mora em um barco que nunca atraca em terra anda dizendo que não precisa fazer nada, é só esperar a ressaca quando então todos os barcos vão subir.

Está difícil escolher uma saída para o tamanho constrangimento que se anuncia para o futuro dos habitantes do local: morrer pela peste ou continuar prisioneiro de quem a manipula.

Para quem está em casa com os filhos que não podem ir à escola lembro o verso de Du Fu: penso nas crianças pequenas demais para compreenderem a saudade que sentem.

A saga do lugar que acompanho neste ensaio melancólico, em determinado momento tem o personagem conciliador e pessimista que diz de um fôlego só: quem sabe que o fato de não podermos compreender nada fora do tempo e do espaço talvez sugira que nossa vida não é apreciavelmente distinta da sobrevivência oferecida por esse momento assustador.

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IV

Vendo por outro ângulo a mesma coisa olho para um hotel desta mesma ilha onde aquele senhor do início descreve a angustia que relata. Por ali também circula o jovem europeu observando uma plateia congelada, imóvel esperando o tempo passar. Parece filmar uma não-festa cheia de não-pessoas entorpecidas. Eis que nosso personagem aparece, como sempre excitado, apreciador do exercício ilegal da influência, aborda a mulher misteriosa insistindo que já a conhecia de um outro lugar onde ele já havia conseguido penetrar há muito tempo. Tão elegante, tão bonita, deve ser uma princesa.

O interesse por ela foi paralisado por um flashback em sua vida. Lembrou que desde quando andou por aí com uma bomba debaixo do braço e os oficiais superiores não acharam nada interessante nele, nem naquilo, e para ajudá-lo a enfrentar a frustação, consultaram um psicanalista de televisão que prescreveu a pena. “A patologia do aspirante não deve ser vista como uma situação, mas um processo. Foi tomado por um procedimento de alerta que o corpo envia a rapazes metidos ou revoltados e o levou, ao invés de brigar num baile, a preferir mexer com bomba. É preciso compreender, não o combater. Deve se refugiar na doença e se tratar condenado a ser deputado a vida toda”.

Desde então ele passou a ser vivido por aquele personagem furioso como um cobrador de dívidas antigas enterradas no seu corpo como espinha no rosto de adolescente do interior. Lembranças maléficas no coração atormentado de quem acha que não caiu da cama, foi empurrado.

Voltando ao salão do hotel talvez ela o estivesse esperando, pois nunca se sentiu assim menos rejeitado, do que as lembranças que tinha de festas no passado. Ela, discreta, educada e com a graça de uma bailarina sabia que cada vez mais gente se parecia com ele, mas desconfiava que ele, especificamente, a quisesse para adaptá-la ao seu fim. Sugere que ele talvez esteja enganado e nega esse conhecimento prévio, observando seus tiques abruptos e outros estereótipos masculinistas banais de virilidade destorcida como declarar amor a quem acabou de conhecer ou detesta.

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Um outro homem no fundo do salão conta umas fichas sem parecer incomodado com a movimentação em torno da mulher. Pisca para ela e, parecendo um jogador inveterado se dirige ao cassino onde parece nunca perdeu uma partida.

V

Sei que a história está ficando longa. Mas aproveite o isolamento para viajar em pensamento concedendo-me a honra de continuar a ler o que escrevo, enquanto espera voltar o movimento do mundo.

Os diversos lugares desta ilha sem ilusões e onde se tira proveito da todos os jogos e de todas as mentiras que um engenhoso pregador viu na Colônia portuguesa quando morou por aqui, têm uma característica escandalosamente comum: como continuam ruins os atuais colonizadores vestidos de governantes.

Todos que dizem fazer o que acham que é o certo não escutam quem lhes diz que estão totalmente errados. Pois foi exatamente esta confiança depositada no lugar, hora, pessoa errada, que levou os moradores dali a perderem a perspectiva e ficarem em dúvida sobre defeito e perfeição. Com ela alimentam a autocomplacência de achar que a ignorância diminui, e não aumenta a culpa. E como sempre foi assim, arrumaram um zelo próprio de dizer sem essa de achar que existe regra sem exceção.

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Se não há majestade, não deveria haver piedade. Mas não. É desconcertante e bisonho o descaso com o lugar. O que é irrevogável parece presidir a vida e o destino como se fosse conversa de afogado conformado por nunca chegar a nadador. É que o lugar fica mais tempo submerso do que vem à tona e nem o melhor peixe voador consegue virar a pior das gaivotas. Mesmo reconhecendo que a maioria é fácil de amansar, domesticar e distrair por qualquer palhaço que monte seu picadeiro no lugar, é bom ficar sabendo que a maioria não acha que é obrigada a ouvir qualquer sermão passada a eleição. Por isso a sabedoria da plateia é prometer ser sempre governista, até que mude o governo, por qualquer motivo.

Ninguém chora no enterro da astúcia. Porque quando se vê algum político furioso dizer que “foi com verdadeira indignação e mesmo revolta que vi a imprensa publicar exatamente o que eu disse”, é verdade, confirme tal sandice com Millôr.

Então, voltando ao pregador da época colonial, melhor falar aos peixes pois eles não ouvem, nem falam besteira, nem dá para converter. Sem ressentimento, há tanto vício nos homens, como virtude nos peixes. O padre irado perde a cabeça com tanta cobiça e antropofagia que vê nesta terra de gente mofina. Percebe que uns comem aos outros e vê nisso uma natureza perversa: os grandes têm mais apetite, comem sem dó os pequenos. E bate o prego no caixão da hipocrisia: basta senhor, que eu porque roubei em um barco sou ladrão, e vós porque roubais em um iate, imperador. Assim é. Pouco poder faz o desonesto, muito poder a honestidade.

VI

Por exemplo, é costume entre juízes daquele canto no sul do mundo, quando perguntados sobre costumes, leis e princípios específicos a seguir, não conseguirem responder nada objetivamente e, para ganharem tempo, iniciarem a explicação pelas complicações derivadas dos desejos do primeiro casal naturista descrito no Gênesis. Quando parecem se aproximar da pergunta, não se sabe mais para que serve a resposta. Assim, governante sem virtude, como registra o clima da política atual, aproveita o tempo demorado da distribuição dos talheres no banquete sem sentido da justiça para ir comendo com a mão e lambuzando o prato com os pedaços que rejeita.

A ilha tem uma paciência impressionante com o pessoal que anda armado e de farda. Todos os poderosos parecem ter esquemas pessoais de proteção e informação revelados agora neste Laudo de Perícia Criminal Federal, assinado por peritos criminais. Nenhum inocente tem mais proteção do que um criminoso de encomenda. Quem sabe por isso nunca se apurou direito nenhum tiro saído daqueles trabucos.

O serviço de informação particular do chefe é certamente para flagrar aliados em traição. O mais na repartição é empurrado para debaixo do tapete. Se um crime é considerado perfeito ou insolúvel é bom começar a pensar que tem alguém do time no rolo. Embora aos gritos, todos os flagrados por incompetência ao praticarem de forma errada o erro são devidamente rotulados “ponta-solta”. A cocaína do teco-teco oficial encontrada na bagagem daquele ombro com divisas é fruto desse horizonte sem limite.

VII

Não é de se estranhar que naquele dia da aproximação fatal, esse balaio de gato todo descrito desde a primeira frase sobre os piratas chineses, estivesse acompanhando aquele traquina, que carregava num saco grãos como se fosse um agricultor procurando local para plantar. Ele cortejava a atraente jovem no saguão do hotel onde o europeu fez seu filme e parecia ter a intenção de plantar nas terras da donzela uma lavoura familiar.

Traumatizado desde a infância por se sentir o soldadinho perneta da sua coleção confundiu o fouetté da bailarina com a perna só do saci-pererê. E viu o folclore como um chicote na formosura da moça. Desinformação, imperfeição e ousadia, a tríade mortal de nosso conto de bruxas.

E foi em frente com seu saco de maldades. Pois o que pretendia, pobre desde a origem, era somente colher uma safra recorde com as sementes dos seus filhos, todas brotando naquele primeiro domingo de outubro, para garantir as quatro aposentadorias de uma vez. Poucos observam a sombra da alma simplória dos poderosos.

Eis senão quando um idiota com uma faca enfia na colheita garantida o plantador sem pretensões a vencedor. E ele agoniza no hospital sem ser visitado por ninguém que disputa com ele a admiração da bailarina, transformando em conspiração de todos a estupidez de um. Tamanha tolice é o retrato fiel de como na terra de um gigante sem compostura que é o país tanto faz ser vermelho ou ser azul na política. Não consigo entender tal sortilégio: abram a cova, me deixem deitar.

Ela é francesa, filha de um nobre da Aquitânia, região de vinhos maravilhosos que ninguém fez coisa melhor para alegrar a convivência humana. Na propriedade do seu pai foi criado o princípio da divisão dos poderes e a genética multiétnica e humanitária a fez musa, dando forma ao seu corpo cobiçado e que hoje cada vez menos países do mundo o admiram. A dúvida sobre se são ou não verdadeiras as intenções de desfrutar indevidamente dos seus passos por suas terras existem. Porque assim como música que não seja de amor não faz sentido, os excitados de poder gostam de parecer o que não são mentindo sobre os seus propósitos.

Outra razão para ser precavido é que a moça pressentia a enorme diferença daquele lugar para outros que a festejavam e seguiam suas normas. Ela não precisava de provas para desconfiar que nos palcos desta parte mais baixa do mundo tudo é permitido. E onde tudo é permitido, nada é importante.

VIII

O sistema democrático a faz discreta e paciente mesmo quando se vê tomada pelas orgias dos que a usam. Por isso não estranhem a maneira como as pessoas de uniforme falam do triângulo dos poderes, mais como se fossem uma instalação à parte no mobiliário do dispositivo, do que uma responsabilidade de proteger o perímetro todo onde se localiza o teatro da vida em sociedade. E mesmo parecendo atentos a sutileza com que a cobra de fogo os brinda andam partidários de sempre apregoar para o fraco, e de vez em quando insinuar para o forte. Na ilha, que muitos supõem ser um continente, todos sabem como funciona o protocolo da democracia e o nome completo dela. Ela se arrisca pela liberdade, o castigo se arrisca contra as duas.

O transtornado e oportunista amor que tem por ela faz de sua ação um vai e vem de serviçal que quebra pratos. Mistura impunidade, segredo, avança, nome falso, recua, exercício ilegal da medicina, com livre arbítrio como um obscuro quem nunca está ao sol. Vale-se dela, da democracia, para arruinar os seus valores.

Só que, como um misturado e surpreendido com a vitória graciosa, decidiu não vir às cegas para governar o lugar. Chamou caçadores, pastores, fanfarras e supondo que são como ele, robôs familiares. O epiceno sabe que não pode fazer alegações falsas contra a bailarina de sangue francês sem o consentimento da confraria de farda, definida no protocolo como a que vai defende-la. Por isso precisa do apoio deles para destruir aqueles que invejam o sucesso que tem sido sua forma ostensiva de abordá-la e, de novo, com a fixação do soldadinho do conto infantil continua confundindo a graça da moça com seus próprios defeitos, se pondo a profanar sem pudor os seus princípios.

IX

A angústia tem agenda própria, usa nome falso, e assim como distorceu o evangelho para se purificar, se finge de porta bandeira para se misturar sem ordem e passar a mão suja sobre tudo. O prejudicial fantasiou a vida de um governante que se põe fora da lei como se pensasse viver em terra de crime sem castigo onde é possível fazer o mal sem ser punido. Só que parece que queimou todas as pontes, mesmo as que ainda não passou.

Não sei se Adolfo Bioy Casares, Alain Resnais, Hans Christian Andersen e Padre Antônio Vieira zombariam do grande cego que me tornei. Quando veio a quarentena reencontrei em A invenção de Morel, O Ano Passado em Marienbad, O Soldadinho de Chumbo e no Sermão de Santo Antônio aos Peixes e do Bom Ladrão, uma forma de ver o que anda me intrigando: o Brasil continua grande, pode ser derrotado, sei que não vai se render, mas nunca soube se comportar em público. É esse gigante tolerante com modos feios que não sabe mais o que é bonito. Nem vale a pena voltar ao lugar de onde partiu o seu fracasso.

 

Paulo Delgado. É professor, sociólogo e consultor de empresas. Foi constituinte de 1988 e exerceu mandatos de deputado federal por Minas Gerais de 1986 a 2011. Articulista regular d’O Estado de São Paulo e assina a coluna de politica internacional dos Jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas. É colaborador do Capital Político. ⠀

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