Texto do dia 19/04/2006
O senador Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, parece resignado com a dificuldade de Geraldo Alckmin para deslanchar sua candidatura à sucessão de Lula.
– O crescimento dele será lentíssimo. E só ocorrerá para valer depois que a campanha começar em meados de agosto no rádio e na televisão – admite Tasso.
Desculpa!
Campanha no rádio e na televisão dura 45 dias. Com um detalhezinho: no primeito turno são apenas 20 programas de candidatos a presidente, dia sim, dia não.
O candidato que não chegar bem até o final de maio terá poucas chances de vencer – a não ser que os adversários errem muito.
De Fernando Collor para cá, o único candidato que estava atrás das pesquisas em maio, mas ganhou a eleição foi Fernando Henrique em 1994. Teve o Plano Real para empurrá-lo.
Pelo menos por enquanto, a pré-campanha de Alckmin está uma bagunça.
É verdade que ele sua a camisa viajando para lá e para cá, especialmente para o Nordeste. Ali, Lula tem 54% das intenções de voto e ele, menos de 10%.
Mas Alckmin não conta ainda sequer com um assessor de imprensa para atender aos jornalistas. E ao invés de indicar um coordenador de campanha, indicou logo dois (os senadores Sérgio Guerra, do PSDB de Pernambuco, e Heráclito Fortes, do PFL do Piaui).
Pretende indicar outros em breve.
Campanha onde muitos mandam, ninguém manda, testemunham os marqueteiros unanimemente.
Se Alckmin pensa que terá tempo para mandar na própria campanha, esqueça. Ou então ela será um desastre.
Candidato aprova as linhas gerais da campanha, grava os programas de rádio e de televisão, conchava com aliados e adversários e sai para abraçar o povo.
Um homem da irrestrita confiança dele cuida do resto – e põe resto nisso.
Foi o ex-ministro Sérgio Motta quem cuidou da primeira campanha de Fernando Henrique Cardoso. Da campanha de Lula cuidou o ex-ministro José Dirceu.
Até aqui, Alckmin nada disse de original em discursos para platéias reduzidas e em entrevistas que concede quase todo dia. A não ser que possa ser considerada uma tirada marcante aquela do”vou chacoalhar com as estruturas do país”.
Chacoalhar para quê? Como?
O que distingue o pensamento dele do pensamento de Lula? Qual a receita que ele tem a oferecer ao país?
Alckmin não irá a lugar nenhum se lhe faltar disposição para bater duro em Lula e no governo.
O discurso da ética será insuficiente para elegê-lo. Mas se não o fizer também não se elegerá.
Alguém precisa dizer a Alckmin que ele é candidato a presidente da República – não a santo da Igreja Católica sob o patrocínio da influente Opus Dei.