Se sair como o previsto, a reunião desta manhã em Brasília do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) revogará de uma vez só três resoluções adotadas no passado sobre áreas de preservação e licenciamento para irrigação, além de aprovar a queima de resíduos de agrotóxicos em fornos de cimento.
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) aparece nos documentos do Conama como requerente da anulação do licenciamento ambiental para projetos de irrigação. O setor imobiliário se beneficiará com a liberação de áreas de preservação de restinga para construção de hotéis à beira-mar.
Será mais um duro golpe nas condições ambientais do país, mas nada que seja estranho à política – ou a falta dela – do governo Bolsonaro. No último sábado, nas redes sociais, a Secretaria de Comunicação publicou uma comparação descabida e fez uma afirmação falsa sobre a área queimada no país.
“Mesmo com os focos de incêndio que acometem o Pantanal e outros biomas brasileiros, a área queimada em todo o território nacional é a menor dos últimos 18 anos. Dados do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] revelam que 2007 foi o ano em que o Brasil mais sofreu com as queimadas”.
A Secretaria comparou dados de oito meses deste ano com dados fechados de 12 meses dos anos anteriores. A postagem foi reproduzida pelos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e das Comunicações, Fábio Faria, e pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho de Bolsonaro.
Os dados do Inpe são públicos. Até agosto deste ano já foram queimados 18.646 km² no Pantanal. O número só é menor do que o de 2005, quando 20.219 km² foram queimados. Na Amazônia, arderam 34.373 km² entre janeiro e agosto deste ano. É menos que os 43.573 km² queimados no mesmo período de 2019.
Assim como não lhe interessou preservar vidas durante a pandemia desde que pudesse salvar a economia, Bolsonaro procede da mesma forma em relação à natureza. E seus acólitos só dizem amém.