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Por Coluna
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A Terceira Lei de Newton

Nacional-populismo avança

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 30 jul 2020, 19h29 - Publicado em 21 ago 2019, 11h00

Até agora o nacional-populismo avançou livre, leve e solto no continente europeu, sem que houvesse uma reação na mesma direção, com a mesma intensidade e sentido contrário. Sim, a Terceira Lei de Newton vale também para a política e começa a aparecer na Europa, com o movimento de união de partidos de esquerda e de centro para evitar o avanço dos radicais da extrema direita

A mudança da estratégia destes partidos em vários países visa a construção de governos de união nacional, como aconteceu na Europa logo após a Segunda Guerra Mundial.

O maior exemplo vem da Itália, país de larga cultura unitária. Na década de 70 o “compromisso histórico” entre a democracia cristã e socialistas foi a resposta aos atentados da extrema-direita e da extrema-esquerda que estavam levando o país para o precipício.

De novo a Itália mergulha numa profunda crise, com a renúncia do primeiro ministro Giuseppe Conte, líder do governo de coalisão entre a extrema direita e o Movimento Cinco Estrelas. Sua renúncia se deu em decorrência da manobra do vice-ministro Matteo Salvini, principal liderança da extrema-direita europeia, para forçar uma nova eleição e obter poderes supremos.

Este plano pode naufragar se vingar a proposta de um governo de união nacional de autoria do ex-primeiro ministro Matteo Renzi do Partido Democrático de centro-esquerda. Ferrenhos adversários desde 2016, quando o Movimento Cinco Estrelas centrou sua campanha na crítica à “velha política” representada pelos partidos tradicionais, o PD e o M5S entraram em entendimentos que podem redundar num “governo institucional”. A eles se somou também o Força Itália, de Sílvio Berlusconi da centro-direita. A renúncia de Conte abre espaço para essa possibilidade, Não sem razão, seu discurso de renúncia foi calorosamente aplaudido por parlamentares da esquerda democrática.

Fenômeno semelhante acontece na Inglaterra, onde o Brexit duro pode levar o país ao caos a partir de outubro, se não houver acordo com a União Europeia. Esse risco levou o radical Jeremy Corbyn a escantear sua proposta de convocação de eleições gerais para adotar uma postura unitária. Corbyn entrou em entendimentos com outros partidos para viabilizar um governo de união nacional.

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Na Alemanha a extrema direita pela primeira vez pode chegar ao poder em nível estadual, por meio das eleições que serão realizadas na Saxônia e em Brandemburgo. Os partidos eurocentristas já estão se articulando para evitar a que o fenômeno também ocorra no governo central alemão.

Na Espanha corre-se o risco de convocação de novas eleições da qual a extrema direita poderia ser a principal beneficiária. Diante disto, o Podemos, partido radical de esquerda, passou a admitir participar de um governo de coalizão com o centro-esquerda do primeiro ministro Pedro Sánchez.

O Brasil tem tudo a ver com isso. Somos um país de cultura unitária, com experiências exitosas, como a frente contra o nazifascismo, a campanha do Petróleo é Nosso e a Frente Democrática do período ditatorial. Essa tradição foi golpeada pelo Partido dos Trabalhadores que priorizou seus interesses imediatos em detrimento dos interesses do conjunto da nação. Como Stalin, o PT elegeu a socialdemocracia como seu principal inimigo, pavimentando a ascensão de Jair Bolsonaro.

Como na Europa, a assunção da extrema direita por meio da eleição de Jair Bolsonaro pode nos levar a uma crise de graves proporções. A anemia da economia não dá sinais de cessar. Isso em meio à conjuntura adversa da economia internacional, que o ministro Paulo Guedes subestima, como se ela fosse a marolinha de Lula.

A política externa de Bolsonaro é movida pela lógica do confronto com parceiros estratégicos, o que contraria os interesses nacionais e terá impacto nas exportações brasileiras. Mais ainda: avança em instituições do Estado, como Polícia Federal, Coaf, Receita Federal e Procuradoria da República. Trata o aparato estatal como se ele fosse a extensão dos interesses do seu clã, vide o esforço para nomear Eduardo Bolsonaro embaixador dos Estados Unidos ou para barrar investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro.

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Mais cedo ou mais tarde a Terceira Lei de Newton se fará impor no Brasil. A inércia do campo democrático tende a ser rompida por meio de uma frente em defesa das instituições e da estabilidade do país. Para isso é preciso de lideranças com a sofisticação política de Matteo Renzi e de sua consigna “agora é preciso salvar a Itália, depois nos dividimos”.

A hora é de dar um rumo para o Brasil, depois cada um segue seu caminho.

 

Hubert Alquéres é professor e membro do Conselho Estadual de Educação (SP). Lecionou na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes e foi secretário-adjunto de Educação do Governo do Estado de São Paulo  

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