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A revolução cultural do bolsonarismo

Lá vem censura

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 30 jul 2020, 19h23 - Publicado em 9 out 2019, 11h01

A cultura é um campo permanente de batalha do Bolsonarismo. O próprio presidente confessa que “pretende conservar os valores cristãos no setor”, eufemismo que significa censura e retrocesso, o que já vem sendo praticado nas ações culturais e patrocínios que envolvem a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Jair Bolsonaro admite ainda uma caça às bruxas na Funarte e na Ancine, para expurgar petistas que, segundo ele, infestam os dois órgãos.

Na Caixa foi instituído um filtro ideológico para a seleção do projetos exibidos nos espaços culturais mantidos pela instituição. Por aí não passam projetos com críticas à ditadura militar ou que façam menção a questões de gênero ou atentem contra a moral e os bons costumes, na ótica do bolsonarismo.

O filtro ideológico na produção cultural também já aconteceu na Funarte, quando vetou a apresentação da peça teatral “RES PUBLICA 2023”, que trata do período da ditadura militar. O caráter laico do Estado não é observado pela Fundação, com a intenção de seu diretor de Artes Cênicas, Roberto Alvim – um ferrabrás, discípulo de Olavo de Carvalho – de ceder o Teatro Glauce Rocha no Rio de Janeiro à Companhia Jeová Nissi, de orientação evangélica.

Alvim, diretor do Centro de Artes Cênicas Funarte, nutre um ódio especial à classe artística, a quem xinga de “corja, gente hipócrita, canalha e radicalmente podre”. Esse Savonarola tupiniquim recentemente se referiu à atriz Fernanda Montenegro, um dos grandes símbolos da dramaturgia brasileira, com profundo desrespeito, agredindo-a com adjetivos como “sórdida e mentirosa”.

Foi ele quem até agora mais explicitou o projeto de “Revolução Cultural” do bolsonarismo. Disposto a criar uma “máquina de guerra cultural”, diz que é preciso que o governo “atue firme e propositadamente na área da arte e cultura, hoje dominada pelo marxismo cultural e pela agenda progressista”. O diretor da Funarte se dispõe a “formar um exército de grandes artistas espiritualmente comprometidos com nosso presidente e seus ideais”.

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Está em curso, portanto, um esquema que se dispõe a criar uma nova arte, inteiramente identificada com um projeto de poder. Por muito menos o PT foi criticado, acusado de tentar aparelhar a cultura.

A existência de uma cultura oficial sempre foi meta de regimes totalitários. A Alemanha de Hitler, a Itália de Mussolini, a União Soviética de Stalin, a China da revolução cultural maoísta, criaram uma cultura oficial de Estado a serviço de seus projetos de poder.

Trata-se de uma visão utilitarista. Regimes totalitários não criaram arte, criaram propaganda política disfarçada de arte. Não será diferente com as pretensões de se estabelecer uma “cultura bolsonarista”.

A criação artística pressupõe liberdade, respeito ao pluralismo e de ausência do dirigismo estatal.

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Na essência, a “Revolução Cultural” do bolsonarismo copia o PT na confusão entre o público e o privado, entre uma corrente ideológica e o Estado, entre governo e Estado. Por sua natureza, os governos são transitórios, enquanto o Estado é permanente e não pode estar a serviço de uma corrente, seja ela política ou religiosa.

Somos um país de uma produção cultural riquíssima que reflete a formação pluralista do nosso povo. Esse patrimônio dos brasileiros resistiu ao dirigismo do Estado Novo de Getúlio Vargas, à censura de “Dona Solange” do período ditatorial ou às incursões aparelhistas do Partido dos Trabalhadores.

Não será diferente com a “Revolução Cultural” de Bolsonaro. Como disse a ministra Carmem Lúcia no seu voto histórico sobre biografias não autorizadas, “cala boca já morreu, quem manda em minha boca sou eu.”

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