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A paciência acabou (por Gustavo Krause)

Os erros estratégicos do Presidente

Por Gustavo Krause
Atualizado em 5 abr 2021, 09h59 - Publicado em 4 abr 2021, 13h00

Um poderoso Coronel pernambucano recebeu no majestoso alpendre da Casa Grande, fiel aliado da oligarquia rural. Zé da Cacimba, muito querido, bom coração, distribuía com os moradores água potável, preciosidade para o sertão esturricado.

“Coroné, (patente da Guarda Nacional) tirando o chapéu em sinal de respeito e obediência, tô com um problema com o delegado do meu munícipio: tá perseguindo nossos eleitores e o homem é forte. Só sai de lá com ordem do Governador. A gente sabe que o sinhô manda nele…” Aí o Coronel interrompeu o suplicante: “Zé, se tu não sabe, aprende: ninguém governa Governador”. E convidou o amigo para tomar um café com o insuperável bolo de bacia da veneranda Dona Nininha.

A velha sabedoria também se aplicaria universalmente, ou seja, ninguém “preside” Presidente. Mas Bolsonaro não preside: desgoverna.

Nos últimos dias de março, nove encontros foram articulados pela cúpula do Congresso para intervir nos rumos do governo. As reuniões mobilizaram Presidentes do Senado, da Câmara, empresariado, intelectuais, e claro, “o mercado”, ente gasoso, sem endereço ou CNPJ, mas que funciona como termômetro das expectativas econômicas. Só que desta vez, somaram-se atores que efetivamente botam a mão na debilitada economia real. São os que produzem bens e serviços para compradores cada dia mais pobres, respaldados no sólido documento com 2.000 signatários que sabem o que dizem.

É um “movimento cívico”, disse o cientista político Luiz Felipe d’Avila para ocupar “o vácuo de poder” e “um alerta de que a sociedade mais do que perdeu a paciência, está perdendo a confiança no governo”.

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O Presidente da Câmara, Arthur Lyra, ameaçou: “está apertando um sinal amarelo para quem quiser enxergar[…] Os remédios políticos do Parlamento são todos amargos; alguns, fatais”. O “Centrâo”, canta Ângela Maria, “tem o destino da lua que a todos encanta e não é de ninguém”.

Refém do “Centrão”, Bolsonaro formou o “Ministério da Obediência”; levou uma enquadrada do compromisso institucional das Forças Armadas com a democracia; engoliu, contrariado, a saída de Ernesto Araújo, discípulo de Olavo de Carvalho e Steve Bannon, expoentes do Tradicionalismo, ideologia bizarra que alimenta a autocracia populista da extrema direita.

Os erros estratégicos do Presidente decorrem do pecado original: completa inaptidão para governar e vontade ditatorial incontrolável. Bolsonaro é governo e oposição ao mesmo tempo. Um paradoxo para além da figura de linguagem: é perigosamente real. Ou muda, o que é improvável, ou joga o país numa grave crise institucional o que é indesejável.

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