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Por Coluna
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A nova direita (por Gaudêncio Torquato)

Autoritarismo, nacionalismo, conservadorismo, populismo e xenofobia

Por Gaudêncio Torquato
Atualizado em 18 nov 2020, 20h03 - Publicado em 9 ago 2020, 11h00

Nasce e começa a ganhar volume no Brasil a nova direita, uma das estacas do bolsonarismo. O que vem a ser essa tendência, quem a integra e qual a possibilidade de se transformar em força decisiva no arco partidário? Para começar, este país não é seu principal habitat. É o nome de um partido criado em 1918 em Israel, expande-se pela Europa e finca raízes nos Estados Unidos e na América Latina, incorporando fenômenos como autoritarismo, nacionalismo, conservadorismo, populismo e xenofobia, principais eixos de sua identidade.

Por aqui, é diferente da direita clássica que amparou o golpe de 64, apesar de agregar remanescentes, porém sem se comprometer com golpes ou ditadura militar. Há quem pense nisso, mas a nova direita se espelha no conservadorismo, com traços de populismo e autoritarismo. Poderia ser adotada tanto por um ex-integrante das Forças Armadas – Jair Bolsonaro – como por um civil. O importante é o Que, não o Quem.

Nos Estados Unidos e na Europa, agrupa a defesa nacionalista de produtores rurais e outros segmentos que se sentem prejudicados pela invasão de “alienígenas”, outros centros mundiais de produção barata, como a China, imigrantes que desformam culturas locais com sua forma de pensar e de viver. Nos EUA, o conservador Donald Trump assumiu o ideário. Na Europa, alguns países se retraem ante o fracasso de governantes de esquerda e os efeitos deletérios da globalização.

Na Hungria, Victor Orban ameaça com uma cerca de arame farpado para evitá-los. A islamofobia ganha corpo a partir dos conflitos do Oriente Médio. Na Alemanha, três partidos nazifascistas se formaram. A crise econômica mundial aponta para essa direita, como se fosse o caminho adequado. Ao mesmo tempo, desenvolve-se o ideário da alternância de poder, oxigênio para vitaminar regimes.

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No Brasil observamos uma insatisfação desde o topo da pirâmide social até as margens, que ainda elegem governantes segundo o custo/benefício. No meio, estão contingentes que exigem mudança, saturados da carga de impostos, dos serviços precários, da corrupção deslavada, do dinheiro para alguns e escassez para os demais. A nova direita conta ainda com a adesão de micros e pequenos produtores, comerciantes e prestadores de serviço oprimidos por tributos e burocracia. Representantes da velha direita, saudosos do autoritarismo, encontram no capitão uma janela. Grande parcela prefere a defesa da ordem, da disciplina, do direito de propriedade, contra a baderna e a devastação.

Por aí se estende a nova direita e o posicionamento contra o “status quo”. Seu sucesso dependerá de circunstâncias como alavancagem da economia, melhoria dos serviços públicos – saúde e educação –, atenuação da violência. Fato é que a índole brasileira tende a se afastar dos extremos e a optar pela conciliação, harmonia e paz social. Logo, uma jornada em direção ao meio se apresenta como a melhor solução. Não somos um país beligerante. In médium virtus, a virtude está no meio.

O amanhã poderá nascer com um sol brilhante ou nuvens plúmbeas. Na escuridão, veremos a polarização dos extremos. Na claridade, nossa democracia será revigorada. E mais, a angústia trazida pela pandemia precisa ser sair de nossas mentes. Esse peso terá efeito na balança de 15 de novembro.

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Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político

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