Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A mentira (por Gustavo Krause)

A fera/Fake

Por Gustavo Krause
Atualizado em 30 jul 2020, 18h52 - Publicado em 14 jun 2020, 11h00

Aquele que nunca mentiu, atire a primeira palavra. E não me venham com eufemismos de mentira piedosa, mentira social, mentirinha para evitar um colapso matrimonial e outras do ramo.

Na política, Maquiavel inventou as razões de Estado (ou coisa parecida); o notável Max Weber fez uma distinção genial entre a ética da convicção (a mentira não se justifica) e a ética da responsabilidade (a mentira eventual da autoridade evita danos enormes e, neste caso, passado o risco, volta a imperar a verdade e a transparência como valores Republicanos).

No plano das relações sociais, a mentira rola solta. Tem o mentiroso profissional, megalômano, que não se confunde com o vigarista, a audiência atenta lhe basta. E tem o mentiroso chinfrim com quem convivi em Vitória de Santo Antão e no Bairro da Torre.

O de Vitória criava e gostava de briga de canário, seu Zé Marques. Numa visita meu pai me levou e provocou: – Ô Zé Marques cadê aquele canário campeão, abarrancado, ganhava toda aposta. – Doutor, disse, com o ar compungido, era valente, forte, invencível. Um dia não dei cabo dele, perguntei ao menino que toma conta dos meus bichos, ele me disse: o danado fugiu com a gaiola.

O da Torre, Zedeque (o escrivão não sabia escrever Melquezedeque), era oficial de justiça e não dispensava o paletó e a gravata. Foi visitar a avó conhecida no bairro pelos exageros. – Zedeque, meu filho, acabei de passar um café, quentinho, toma – O café tava tâo quente, mas tão quente que chamuscou o nó da gravata, contou sem pestanejar.

Continua após a publicidade

Agora, a mentira ganhou o mundo com a globalização e a revolução digital. O nome é chique: Fake News. Ela mente subitamente, amplamente, mortalmente: fabrica a pós-verdade, aproximando a delinquência da liberdade de expressão. Exige profissionais qualificados, de nerds a “engenheiros do caos”, que usam um tal de algoritmo, network, design, chips e bisbilhotam tudo. George Orwell cantou a pedra. E quando cola, lascou, Maria Antonieta nunca mandou o povo comer brioche. O print da Fake marca para eternidade.

No Brasil, a fera/Fake tem que ser domesticada pela geração analógica/máquina de escrever. É quem entende de mentira na política. Nada mais Fake do que uma campanha eleitoral. Os novatos já entenderam a pós-verdade e usaram a sedução das redes sociais. O teatro político vai exigir atores cada vez mais maquiados, impulsionados e carregados pelo novo cabo eleitoral: o robô.

 

Gustavo Krause foi ministro da Fazenda

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.